Em 2011, a banda irlandesa U2 se apresentou em São Paulo. Mais do que Bono Vox e companhia, o verdadeiro show foi o palco: feito em aço inoxidável, a estrutura lembra uma nave espacial e proporciona uma visão 360°. Confira a seguir.
O conceito 360°
Um show democrático. Essa era a ideia quando se pensou em um palco 360°. De acordo com o arquiteto Mark Fisher, o objetivo do projeto era proporcionar uma maior integração entre os músicos e a plateia. “A banda estava procurando uma maneira de recuperar um pouco do contato público que tinha perdido, sem comprometer a escala de um show de um grande estádio”, explicou o autor do projeto, em release oficial.
O palco foi projetado para apresentações em estádios, de forma que a banda conseguisse ver todo o público por igual, e a plateia, não importando o setor em que estivesse, conseguisse ter uma visão clara do show. Para conquistar tal proeza, era necessário que todo o equipamento ficasse acima da banda, e não abaixo, como nos palcos convencionais.
A solução encontrada foi a construção de uma mega estrutura com quatro “pernas” que sustentasse o equipamento acima da banda e do público. A essa estrutura foi dada o nome de “The Claw” (a garra). A inspiração veio de um restaurante circular localizado na cidade de Los Angeles, o Theme Building. O estabelecimento é composto por um núcleo cilíndrico de vários andares, e sustentado por quatro pernas de concreto reforçado.
Para o palco do U2, no entanto, o arquiteto, Mark Fisher, e o diretor de show da banda, Willie Williams, escolheram o aço inoxidável para dar corpo às pernas gigantes. Na forma de treliças, a escolha tem porquê: o aço proporciona uma estrutura mais leve, com menor interferência no redor e com a vantagem de ser facilmente transportável e remontável.
Construção e Montagem
Construção, montagem e transporte. Esses três elementos tiveram que ser pensados juntos quando o palco 360° foi desenvolvido. Isso porque é a estrutura que daria corpo à turnê itinerante: os shows deveriam rodar todo o mundo.
Todo o processo para tornar o palco realidade foi pensado em duas fases, sendo que essas fases deveriam ser seguidas toda a vez que o palco tivesse que ser montado. A primeira constitui-se na ideia de começar a construir de baixo para cima. Sendo assim, a primeira etapa era montar e erguer a estrutura octogonal central de 80 toneladas, que sustentaria o som, iluminação e telas. Para tal, foram necessários três guindastes de 60 toneladas.
Já as quatro pernas foram instaladas com o suporte de torres gêmeas posicionadas de cada lado de cada pé, utilizadas para garantir a precisão do processo, principalmente no que diz respeito ao peso e ao equilíbrio das estruturas: cada perna mede 50 metros. Além das torres, foi necessário o investimento em um sistema hidráulico que controlaria, por meio de um software especializado, a sincronização dos elevadores. À medida em que a estrutura é erguida, segmentos adicionais são conectados às pernas. Depois de a estrutura estar totalmente no lugar, as torres gêmeas são removidas, sendo instaladas novamente apenas na desmontagem do palco.
Com as pernas e a super estrutura erguidas, dá-se início à segunda fase: é a fase em que os equipamentos (som, luzes e telão) são instalados na mega estrutura. Na prática, todo esse processo leva cinco dias para ser realizado: quatro para montar a estrutura e um para finalizar a produção. A desmontagem, etapa que começa depois do show, consome mais dois dias. Para carregar todo o material da mega estrutura são necessários 114 caminhões, o dobro do que seria necessário se o palco fosse instalado em uma das extremidades do estádio.
https://youtu.be/q98_UacA_Xk?t=17
Além da mega estrutura
A estrutura é mega, mas não é sozinha. Outros “detalhes” foram adicionados à ela.
- Revestimento: para cobrir e proteger os equipamentos instalados na mega estrutura de aço, foi aplicada a ela uma membrana elástica com forma cônica nas cores laranja e cinza. Mais que proteção, a membrana está totalmente inserida no conceito de espetáculo: ela recebe projeções de luzes, promovendo um toque multi-colorido durante o show.
- Guarda-chuva: para reforçar a proteção dos equipamentos contra a chuva foram instalados três guarda-chuvas sobrepostos, com de 4,8 metros de diâmetro cada. A ideia teve como inspiração a turnê americana da banda Pink Floyd, em 1977.
- Rampa e pontes: o projeto inclui uma rampa circular que rodeia o palco. A rampa é ligada ao palco por um sistema de pontes rotativas, permitindo o acesso ilimitado dos integrantes da banda a qualquer ponto do palco. Além disso, os fãs com ingresso de pista pode ficar tanto fora da rampa, como entre ela e o palco. Esse fator mais a vantagem de o palco não apresentar frente ou trás pode maximizar a capacidade de público em até 20%.
- Painéis: como um show à parte, os painéis em LED formam um sistema cilíndrico: são telas expansíveis, que se estendem e se retraem durante o show, e promovem uma sensação de mudança constante; parecem diferentes dependendo do ângulo em que se observa. Para tal, foram necessárias 888 telas de LED com 500 mil pixels. As telas dão a sensação de preenchimento, já que a superestrutura está a quase 50 metros de altura do palco.
360° pelo mundo
A turnê U2 360° estreou em 30 de junho de 2009 para 90 mil pessoas, no Camp Nou, em Barcelona e de lá pra cá já percorreu grande parte do mundo. Agora chega a vez da América do Sul, e, então, do Brasil receber a “nave espacial” batizada por Bono Vox. Dia 9 de abril de 2011 o U2 faz sua única apresentação em terras tupiniquins: em São Paulo.
Veja a Mega Infraestrutura da turnê U2 360°. Ligue o som e confira as imagens!