O aço na expansão industrial: construção da Valeo Guarulhos

Construída em 2005, o Parque Fabril da Valeo Guarulhos está instalado em um terreno de 110 mil metros quadrados, localizado à beira da Rodovia Ayrton Senna. Na extensão, são 19.200 mil metros quadrados construídos, e o aço esteve presente. Confira na matéria a seguir!

Três em um

Projetado pelo escritório brasileiro GCP Arquitetos em parceria com o norte-americano Davis Brody Bond Architects, o bloco fabril da Valeo é dividido em três módulos. A divisão foi a solução encontrada pelos arquitetos diante da declividade do terreno – em formato de L e com aclive de 30 metros, para manter a mínima intervenção no lote, respeitando as curvas de nível.

Cobertura recordista

Os três volumes foram concebidos como grandes curvas, onde cobertura e parede se fundem formal e construtivamente. Tal característica é fruto do uso de telhas metálicas, zipadas e sem emendas. As telhas avançam do topo para a fachada criando, assim, uma superfície única que envolve toda a construção com formato arredondado.

Do tipo sanduíche, elas tem 405 milímetros de largura e 65 milímetros de altura. Possuem a seguinte composição: telha trapezoidal pintada a pó (forro interno), perfil cartola de aço galvanizado, clips de alumínio para fixação, lã de isolamento térmico e telha de galvalume.

Além de proporcionar um eficaz escoamento para as águas da chuva, dispensando calhas e descidas pluviais internas ao prédio, a aplicação é recordista: o comprimento de 111 metros da telha, com raios de curvatura de 2.5 metros, é considerado recorde mundial para aplicação de soluções em telhas zipadas calandradas.

Ventilação e iluminação

As coberturas foram concebidas com alturas diversas; a intenção era criar lanternins entre cada um dos volumes: aberturas, dispostas na cobertura de edificações, para propiciarem ventilação e iluminação naturais aos ambientes. O resultado é um sistema misto com ventilação e iluminação natural e artificial que representa uma redução no consumo de energia de 30%, proporcionando ambientes de trabalho mais confortáveis.

Conforto

No módulo administrativo, por sua vez, outra medida resultou em conforto. O prédio foi instalado em dois níveis; a opção gerou maior conforto aos funcionários, diminuindo a distância interna percorrida entre um espaço e outro, além de proporcionar uma economia em serviço de aterro de 30%. Neste prédio, estão instaladas recepção, escritórios, áreas de reuniões, treinamento e laboratórios na parte superior; a área abaixo dá lugar a vestiários, refeitório com cozinha industrial e entrada de funcionários.

Integração

Seguindo os ideais da Valeo, o conceito de integração se fez valer na obra. A ideia é integrar os diferentes departamentos e a linha de produção, mantendo uma organização que proporcionasse uma direta comunicação visual e funcional. Para isso os arquitetos apostaram no vidro entre os ambientes.

Flexibilidade

Outra aposta do projeto foi no conceito de flexibilidade. Para um layout flexível, a opção foi investir em grandes vãos: construir um sistema estrutural metálico. A estrutura é constituída por pilares duplos de aço com 80 centímetros de diâmetro recheados de concreto. Assim como o pé-direito das coberturas, os pilares tem altura distintas. Para completar o sistema, foram instaladas treliças invertidas.  Na parte administrativa, o sistema leva ainda caixilhos e forro interno de aço, feito sob medida, compondo módulos de 1,5 metros.

O aço na obra, por Sérgio Coelho

O arquiteto Sérgio Coelho, da GCP Arquitetos, é um dos autores da obra. Ele conta como o aço foi aplicado na obra e quais as vantagens que essa aplicação trouxe ao resultado final.

Foi utilizado aço na estrutura (pilares, vigas, terças, treliças, cobertura e fechamentos). Essas soluções de estrutura e fechamento em aço foram escolhidas por apresentarem maior avanço tecnológico, controle de custos, maior qualidade de acabamento e rapidez de montagem. O uso do aço contribuiu para a agilização da construção e ainda esteticamente, já que a leveza desejada na estrutura só pode ser alcançada pelo seu uso. Além dessas características todas, o aço é reciclável, o que vem de encontro a princípios da sustentabilidade.

Sustentabilidade

E não foi só o aço que trouxe características sustentáveis à obra. Como formas de diminuir o consumo de energia elétrica, os ambientes de produção industrial e a área administrativa possuem proteção térmica nos elementos da cobertura e vidros, o que minimiza o uso de sistemas artificiais de ventilação. Também pensando na economia de energia, o sistema de aquecimento dos chuveiros emprega GLP.

Além disso, o projeto conta com uma estação de tratamento de efluentes que possibilita a reutilização de 65% de água consumida nas áreas administrativas e de serviço. Da estrutura às operações, o parque fabril adéqua-se aos ideais sustentáveis.

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Ficha Técnica

Autores do Projeto: GCP Arquitetos – Sergio Coelho e Davies Brody Bond Aedas – Steven Davis
Colaboradores: Alessandra Araujo; Mauricio Reverendo; Adriana Oliveira; Daniel Mariano; Dante Honda; Faride Elia; Stella Tamioshi; Veridiana Magalhães; Izabella M da Cruz; Maria Augusta Bueno; Anna Dietzsch; Naji Moujaes; Domenico Lio; Tobias Armborst; Renata Bernardino; Agnaldo Amaral.
Projeto Estrutural: Ponto de Apoio – Wilson Kikuchi
Área Construída: 19.200m2
Fornecimento de Estrutura Metálica: Projecta
Fornecimento da Cobertura/Fechamento: Bemo e Panisol
Aço Empregado: ASTM A36 e ASTM A572 (estrutura) e aço galvanizado com revestimento 55% Al-Zn (cobertura e fechamento)
Local: Guarulhos – SP
Data do Projeto: 2004
Conclusão da Obra: 2006

Fonte:

Portal Met@lica
Imagens: GCP Arquitetos