Por suas características, o Inox é indicado na utilização de obras sujeitas às intempéries e corrosão.
Arquitetos e engenheiros podem aproveitar as vantagens oferecidas pelo aço inoxidável, material versátil e adequado para muitas aplicações na arquitetura e construção civil. Até algum tempo, o aço inox era considerado apenas em aplicações nobres. Mas, atualmente, é uma solução efetiva, prática e competitiva em custo. Por suas características, é indicado para condições de utilização e exposição sujeitas às intempéries e corrosão.
O inox é basicamente um aço com baixo carbono e adição de ao menos 10,5% de cromo, o que proporciona a propriedade de resistir à corrosão. O cromo permite a formação de uma camada invisível e resistente: o filme de óxido de cromo. Se a superfície for danificada mecânica ou quimicamente, o filme se regenera rapidamente na presença de oxigênio, mesmo que este esteja em pequena quantidade. A resistência à corrosão e outras propriedades do inox aumentam de acordo com o conteúdo de cromo e adição de outros elementos na liga, tais como molibdênio, níquel e nitrogênio.
Benefícios do aço inoxidável na Arquitetura
- Elevada resistência à corrosão: não necessitam ser revestidos com qualquer produto.
- Custo de manutenção mínimo: basta apenas limpeza periódica com água e sabão para conservar o acabamento original.
- Resistência e tenacidade elevadas: as propriedades mecânicas dos aços inoxidáveis permitem utilizar seções mais esbeltas que outros materiais, reduzindo o peso e custos sem comprometer a resistência.
- Fácil fabricação: boa soldabilidade e conformação em operações de corte e dobra.
- Ciclo de vida longo: o aço inox é, na maioria dos casos, a opção economicamente mais interessante em custos, considerando seu longo ciclo de vida.
- Higiene: a facilidade de limpeza do aço inox o transforma na opção prioritária para aplicações onde a higiene é imperativa, tais como hospitais, cozinhas profissionais, abatedouros e outras instalações de processamento de alimentos.
- Aparência estética: o brilho e a fácil manutenção da superfície do aço inox, proporcionam aparência contemporânea, ideal para uma larga e crescente gama de aplicações na arquitetura.
- Sustentabilidade: o aço inoxidável é um dos materiais mais sustentáveis disponíveis para construção civil e arquitetura, pois proporciona uma vida útil longa, não requer uso de produtos químicos perigosos para limpeza e minimiza os itens e custos de manutenção.
Mobiliário Urbano
Devido às suas propriedades, o uso do aço inoxidável no mobiliário urbano tem aumentado substancialmente nos últimos 15 anos nas principais capitais do mundo, por fornecer interessantes alternativas estéticas e de projeto e pela diversidade de tipos de aço e acabamentos superficiais de acordo com cada aplicação e ambiente.
No Brasil diversas multinacionais comercializam espaços publicitários nos mobiliários urbanos e se encarregam de elaborar design das peças, além de instalá-las nos grandes centros. Também se responsabilizam pela manutenção do mobiliário por determinado período de tempo. O retorno financeiro vem da exploração publicitária das peças especificadas pelas prefeituras interessadas em “mobiliar” suas cidades.
Muitas peças de mobiliário urbano empregam o aço inoxidável por causa de suas qualidades físicas e estéticas. É um produto nobre, moderno e bonito. Uma empresa conceituada prefere veicular sua marca em um material de vanguarda como o inox, além de suas propriedades como resistência à corrosão e facilidade de limpeza.
Utilizado em estruturas e itens de segurança, o aço inoxidável responde aos critérios de segurança e conforto dos usuários, fundamentais nos projetos de equipamentos de mobiliário urbano. Além disso, é suave ao tato e ao mesmo tempo robusto, podendo suportar agressões do ambiente sem se deteriorar. Este aspecto é importante num grande número de cidades brasileiras situadas à beira mar ou em áreas com forte concentração industrial, em condições ambientais extremamente agressivas, com presença de cloretos ou diversos tipos poluentes.
Nessas condições, o comportamento do aço inoxidável, em comparação com outros materiais utilizados na construção de mobiliário urbano, pode ser observado na tabela da página anterior, que mostra estudos de taxas de corrosão de diversos materiais, realizados na África do Sul, durante 20 anos. Como se pode observar, os três tipos de aços inox testados, 316, 304 e 430, apresentaram taxas de corrosão anual de 0.000025, 0.000076 e 0.000405 mm/ano, respectivamente, na região de Durban Bluff, área litorânea com corrosão atmosférica moderada. Nessa mesma região, o aço carbono apresentou taxa de corrosão de 0,371 e o aço tipo corten 0,212 mm/ano.
Embora no Brasil ainda não se disponha de estudos similares, uma analogia, em termos de taxas de corrosão anual do aço inox e do aço carbono, poderia ser assumida para as regiões indicadas no Mapa de Corrosão Atmosférica. Dessa forma, poderíamos inferir que nas regiões litorâneas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, as taxas de corrosão anual são similares às de Durban Bluff. Os aços inoxidáveis 316, 304 e 430 ficariam com taxas de corrosão (mm/ano) de respectivamente 0.000279, 0.000406 e 0.001727, enquanto que o aço carbono teria taxa de corrosão anual em torno de 2.190 mm/ano, e o aço tipo “corten” de 0.810 mm/ano.
Os dados acima não deixam dúvida em relação à maior durabilidade de equipamentos urbanos construídos com aço inoxidável, em comparação a equipamentos de aço carbono ou aço tipo “corten”, bem como ao menor custo de manutenção proporcionada pelo aço inoxidável, que não precisa de revestimentos ou pintura para protegê-lo da corrosão.
Aspectos Econômicos
Apesar das enormes vantagens acima mencionadas, no Brasil a utilização do aço inoxidável em equipamentos urbanos ainda está muito abaixo do desejável, considerando os aspectos relacionados à sustentabilidade, economia de custos de manutenção e otimização de recursos públicos. Isso se deve à avaliação do custo inicial do investimento como fator prioritário, sem considerar que apesar de um custo mais elevado, o aço inoxidável apre-senta melhor relação custo-benefício quando aplicada a metodologia de avaliação do custeio de ciclo de vida (CCV).
O mundo moderno tem desenvolvido ferramentas econômico-financeiras para ajudar o empresário e o homem público em decisões que envolvem a avaliação financeira de materiais e equipamentos.
O custeio do ciclo de vida (CCV) é uma delas. Trata-se de uma metodologia para a seleção de materiais ou produtos, que contabiliza os custos totais do sistema em análise, desde a sua concepção, até o fim da sua vida útil, ou seja, ao longo do seu ciclo de vida (SSINA 2002). Este sistema pode ser uma planta petroquímica, uma ponte, a carroceria de um ônibus, uma usina de açúcar, um evaporador ou apenas um equipamento de mobiliário urbano.
O que diferencia a aplicação desta metodologia com relação a outros estudos de desempenho é que neste são levados em conta, além dos custos de investimentos, todos os demais custos existentes durante as diferentes fases do ciclo de vida do sistema em análise. Ou seja, produção, transporte, instalação, operação, manutenções programadas ou corretivas, desativação, reposição, reuso ou reciclagem dos materiais residuais ao fim da vida útil da unidade, além de valores obtidos pela venda destes materiais, bem como o que se deixou de ganhar em termos financeiros, ou dano ao público usuário pelas horas não trabalhadas.
A soma de todos estes custos e a sua adequada correção financeira permitirá ao interessado selecionar a melhor alternativa do ponto de vista financeiro (Matern 2002).
Custeio do ciclo de vida
O CCV permite avaliar também a influência de dados duvidosos ou falhos sobre o custo total, através de análises de sensibilidade. Como o ciclo de vida de um sistema pode durar décadas, todos os custos incorridos neste período precisam ser tratados dentro do conceito do custo do dinheiro no tempo. O objetivo do CCV é possibilitar a comparação entre duas ou mais opções viáveis, permitindo à empresa que realiza o investimento selecionar a alternativa mais adequada no longo prazo.
Etapas de um CCV
Em primeiro lugar, a definição da unidade a ser estudada precisa ser clara e estabelecer os limites do sistema. Por exemplo, o estudo abrangerá um equipamento de mobiliário urbano ou um conjunto de equipamentos que compõem uma praça ou rua. A segunda etapa consiste em estimar a vida econômica da unidade estudada e da totalidade do conjunto onde ela se insere.
Devem-se também definir os materiais opcionais que poderão ser utilizados. Os valores escolhidos devem representar uma visão realista da vida comercial da unidade e do sistema, bem como levar em consideração as características dos materiais, usos e possíveis avanços tecnológicos. Depois vem a elaboração do inventário, fase que requer um levantamento detalhado das propriedades, especificações e custos incorridos para cada um dos materiais escolhidos. Esta é uma fase trabalhosa, em que a qualidade dos dados que constituirão os “inputs” da metodologia é condição indispensável para a correta tomada de decisão (Núcleo Inox 1999).
A outra etapa é a atualização financeira e composição dos custos totais, incorridos ao longo do ciclo de vida da unidade em estudo distribuídos ao longo de décadas e, também, levar em consideração o custo do dinheiro. Estas análises devem comparar cenários homogêneos.
Sendo assim, é necessário trazer todos os gastos ao Valor Presente (VP). Isto é feito utilizando-se a taxa nominal de juros, ao invés da inflação, porque neste caso, assume-se que um montante não gasto num determinado momento poderia ser aplicado no mercado financeiro. Como os resultados não variam com a moeda utilizada, os valores dos custos podem ser expressos em unidades monetárias (u.m.). A relação entre os diferentes custos incorridos, que, em conjunto, fornecem o custeio do ciclo de vida, pode ser expressa matematicamente, usando a seguinte fórmula: (Núcleo Inox 1999):
Metodologia
Assim, a aplicação dessa metodologia deveria ser obrigatória na avaliação do custo efetivo dos investimentos feitos pelos poderes públicos no Brasil em equipamentos urbanos, especialmente naqueles que ficam expostos à ação do tempo, podendo sofrer corrosão.
Um bom exemplo é o da cidade de Melbourne, na Austrália, que na definição de materiais no seu Plano de Mobiliário Urbano para o período 2005 2010 procedeu a um estudo de Custo de Ciclo de Vida, concluindo que a melhor opção do ponto de vista econômico para um ciclo de vida de 20 anos, era o aço inoxidável, passando a adotá-lo em equipamentos como, bancos, bebedouros, proteção de árvores, lixeiras, postes etc.
Uma análise comparativa de custos mostrou que os itens em aço inoxidável têm custo inicial 40% superior aos de aço revestido. No entanto, esse valor é 50% inferior ao do aço revestido levando em conta os custos de manutenção para um período de vida de 20 anos.
Bibliografia
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. Street Furniture Plan – november 2005. 1.
Introduction. About the Street Furniture
Plan. 1. The City of Melbourne provides street furniture for… www.melbourne.vic.gov.au/…/ Plansand Publications/…/ streetjurniture.plan.PDF
. Núcleo de Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço Inoxidável.
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Tese (Doutorado em Engenharia). Ep, USp, São Paulo, setembro, 2001. Disponível em: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3133/tde-OB01200B-151424/
· Specialty Steellndustry of North America.
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. Stainless Steel in Architecture, Building and Construction Guidelines for Corrosion Prevention – Nickel Development Institute, Reference Book Series N° 11 024 by Catherine Houska, Technical Marketing Resources Inc. Pitisburgh, PA, USA.