Bolha de vidro, com moderna estrutura em aço, amplia estação e respeita construção histórica do século XIX

Arcos em aço instalados a cada 9 m, seguindo a mesma modulação do prédio original, compõem a estrutura principal da nova instalação

Poucas vezes o diálogo entre o antigo e o moderno se mostra tão natural como na estação central de Estrasburgo, França. A bela construção, datada dos anos 1870, recebeu uma ampliação com projeto dos arquitetos Jean-Marie Duthilleul e François Bonnefille, do grupo francês AREP, com estrutura projetada pelo escritório RFR, de modo a comportar o crescimento no fluxo de público, que foi multiplicado em até três vezes desde a chegada de uma nova linha do TGV – trem de alta velocidade – para servir a cidade.

A obra, uma espécie de “bolha de vidro” com estrutura em aço colocada em frente ao antigo edifício, foi concebida como uma área de circulação para a estação, que serve de conexão a todos os meios de transporte da cidade.

Esquema da estrutura, com os arcos principais nas laterais, as vigas secundárias entre eles, os pilares de apoio e os cabos tensores

Com 3 mil m² de extensão, o volume oferece abrigo e conforto aos passageiros em trânsito, mas mantém a percepção da fachada histórica e da praça adjacente. A estrutura, leve e eficiente, modula a “bolha” com impacto mínimo na visão através da pele de vidro, e funciona como uma espécie de vitrine para antiga estação.

Estrutura revelada

De acordo com arquiteto e engenheiro Jean-François Blassel, diretor do escritório RFR e responsável pelo projeto estrutural, a base geométrica do anexo reproduz, de forma suave, uma estrutura toroidal. A repetição dos raios do toro em sequência gera uma superfície duplamente curva e cilíndrica, com raio mínimo de aproximadamente 11 m.

“O acabamento em vidro é composto por folhas temperadas extrabrancas, frita cerâmica e folhas bicromáticas de densidade variável. Dependendo da posição do material na bolha, laminados e filme de proteção solar também se fazem presentes.”

O esquema estrutural foi estudado a partir de análises do terreno, sua função de uso, necessidade de diálogo arquitetônico com o prédio histórico e a possível incidência de abalos sísmicos, resultando em uma forma arquitetônica apta a resistir a cargas verticais, radiais horizontais e esforços ortorradiais horizontais sem desconsiderar o estresse gerado por processos de dilatação e contração devido à variação térmica. “Cálculos estáticos e dinâmicos se arrastaram ao limite, não só durante a fase de projeto, mas ao longo de toda a execução”, conta Blassel.

A nova estrutura é mais alta do que fachada em pedra para permitir a saída de ar; os túneis preexistentes também favorecem a ventilação e, em conjunto com os filtros de proteção aplicados nos vidros, garantem o conforto térmico

No projeto da fachada de 120 m de comprimento, a estrutura primária, que gera a curvatura da bolha, é composta por arcos de aço colocados a cada 9 m, seguindo a mesma modulação da fachada da estação. Estes se apoiam em uma viga tubular triangular de 250 mm x 350 mm e são sustentados por pilares tubulares inclinados fabricados em peças únicas medindo de 20 a 25 m. Já os arcos principais, em função de seu comprimento que chega a 40,5 m, são pré-fabricados em três ou quatro partes e são compostos de dois tubos de 168 mm de diâmetro, unidos por uma chapa de aço que preenche a distância de 40 cm entre eles. “Tensores que radiam dos arcos e são fixados aos pés dos pilares conectam os elementos da estrutura primária e dão estabilidade lateral ao fechamento de vidro, suportando esforços gerados até mesmo em casos de movimentação sísmica”, explica o diretor do RFR.

A estabilidade de todo o sistema, por sua vez, é assegurada pela presença de uma terceira estrutura composta por vigas secundárias que utilizam perfis metálicos curvos e, por fim, recebem folhas de vidro de 12 mm em toda a sua composição.

“O acabamento em vidro é composto por folhas temperadas extra brancas, frita cerâmica e folhas bi cromáticas de densidade variável. Dependendo da posição do material na bolha, laminados e filme de proteção solar também se fazem presentes.”

Fonte: CBCA