Projeto de conceito minimalista tem acabamento cênico

O Eñe do Rio de Janeiro tem projeto afinado com as diretrizes visuais concebidas em 2007 pelo arquiteto Juan Pablo Rosenberg, do escritório AR Arquitetos, para a unidade paulistana do restaurante de origem espanhola. A cozinha contemporânea corresponde uma arquitetura que faz interagir materiais simples e sem revestimento – madeira, concreto, vidro e aço, geometricamente ordenados, com ambiência de acento dramático.

Inserido em meio ao saguão de um hotel à beira-mar, na praia de São Conrado, o Eñe carioca tem como elemento de identidade um volume prismático e duplamente metálico, revestido por aço corten externamente e aço inoxidável na parte interna. Ele abriga a cozinha, completamente exposta ao público e, dadas as suas proporções e volumetria, de presença impactante.

O arquiteto Juan Pablo Rosenberg relembra a ideia original, ainda em São Paulo, de recriar a atmosfera dos tradicionais bares de tapas da Espanha, com seus petiscos, bebidas e refeições rápidas. Para isso, concebeu um generoso balcão de bar associado à cozinha aberta, que se tornou marca registrada do restaurante. “É tudo exposto mesmo, não apenas um truque para deixar à vista só a finalização dos pratos”, assinala. No Rio de Janeiro, essa abordagem foi levada ao extremo, dissociando-se o balcão da cozinha e, consequentemente, ampliando-se a visualização desde o salão das refeições. No limite, foi colocada uma mesa dentro da própria cozinha, o que demandou rigor extra para garantir o bom desempenho dos sistemas de climatização e exaustão do ar.

A alusão ao espetáculo, à teatralidade do flamenco – tomado como referência da cultura tradicional espanhola – é sinalizada pelo projeto de luz. Ele alia a linguagem gráfica, misto de linear e pontual, à cor amarela com que os frisos luminosos demarcam as extremidades verticais das paredes e divisórias internas. Todo o ambiente é envolvido por esses fachos coloridos de luz, que articulam as várias superfícies de concreto, madeira, aço e vidro.

Rosenberg harmoniza com desenvoltura a. sofisticação e a simplicidade coexistentes na arquitetura do restaurante, que, com o passar do tempo, sedimentou-se como ambiente que convida à longa permanência, em vez de bar. Trata-se de um projeto minimalista no conceito, mas cênico no acabamento, com teto exposto – “para aproveitar ao máximo o pé-direito total”, comenta o arquiteto – em meio aos vãos do entreforro acústico. Também a área externa adjacente é um dos diferenciais no projeto do Eñe. Varandas e jardins que o conectam à praia, concebidos por Burle Marx, foram revitalizados e incorporados ao restaurante.

Ficha Técnica

Restaurante Eñe
Local: Rio de Janeiro, RJ
Data do início do projeto: 2008
Data da conclusão da obra: 2009
Área de intervenção: 500 m²
Arquitetura, interiores e luminotécnica: AR Arquitetos – Juan Pablo Rosenberg (autor)
Construção: Construtora Rio Bahia

Fornecedores:
Casa da Acústica (placas acústicas);
Elo (iluminação);
Emcop (cozinha industrial);
F. Brasil Madeiras (piso de peroba de demolição);
Fernando Jaeger (mobiliário);
Leofer (serralheria);
Sathler (piso de epóxi autonivelante);
Toldos Dias (cobertura retrátil)

Fonte: Revista Projeto Design
Reportagem: Evelise Grunow
Fotos Mário Daloia