Arenas brasileiras para campeonatos mundiais de futebol contarão com tecnologia de ponta com alumínio: de placas fotovoltaicas a esquadrias

Estádio do mineirão, com esquadrias na área vip; Maracanã, com 70 t de alumínio; e arena Grêmio, que busca selo leed

Ninguém sabe se o Brasil tem chances reais de levantar o caneco da Copa do Mundo de 2014. Também não se sabe como os aeroportos brasileiros darão conta dos milhares de turistas que visitarão as 12 cidades-sede. Em meio às incertezas e às entregas dos estádios, pelo menos uma coisa é certa: as arenas terão muito alumínio – estrategicamente aplicado.

Após dois anos e meio de obras e investimentos de R$ 666 milhões, o Mineirão, oficialmente Estádio Governador Magalhães Pinto, em Belo Horizonte, foi concluído no final de 2012.

Em busca de um acabamento diferenciado que dialogasse com a cobertura metálica da obra e proporcionasse um contraste com o concreto aparente da estrutura, optou-se pelo emprego de esquadrias de alumínio para os camarotes.

“O que estimulou a escolha foi a possibilidade de modulação e os sistemas de aberturas variados, que oferecem qualidade e praticidade para as áreas VIP”, explica Otávio Goés, gerente de tecnologia do Minas Arena, que complementa: “A gama de cores e acabamentos possíveis foi um fator importante do ponto de vista estético”.

 

Selo verde

Campo oficial de treinamento de seleções da Copa do Mundo de 2014, o Grêmio Arena, localizado em Porto Alegre (RS), chama a atenção entre os estádios dentro do ciclo de obras e reformas.

Em funcionamento desde o final de 2012, a arena buscou o certificado Leed, por meio do Green Building Council Brasil (GBC Brasil), o que o distingue como sendo uma construção capaz de produzir menor impacto ambiental.

Um dos fatores que contribuíram para a conquista foi o emprego de alumínio na cobertura do estádio, combinado com policarbonato. “O alumínio é um material reciclável e contribui para a aquisição do selo de obra verde, conferindo inovação e sustentabilidade”, aponta Wagner Sales, gerente comercial da Alpex, responsável pelo fornecimento de 30 mil metros de perfis para a obra.

A leveza é um dos requisitos imprescindíveis para essa modalidade de aplicação e o alumínio cumpre os requisitos. “Pela versatilidade, leveza, resistência e durabilidade, ele tem conquistado espaço na construção civil, já que tem perfeito acabamento e potencial decorativo”, ressalta Sales. Recentemente, a marca Alpex acordou o fornecimento de mais de 19 mil metros de perfis para a Arena Pantanal, em Cuiabá, que será palco de quatro jogos da Copa de 2014.

Com as obras ainda inacabadas e promessa de inauguração para outubro deste ano, o material fornecido será empregado em uma combinação semelhante à da Arena Grêmio.

Próxima rodada

Construído especialmente para a Copa de 1950, o Maracanã ou Estádio Jornalista Mário Filho, é a arena que mais abrigará partidas da Copa do Mundo e também é palco para a final da Copa das Confederações deste ano.

Com capacidade para 79 mil espectadores, o Maracanã recebeu peças extrudadas de alumínio nas arenas da Copa de 2014 devem buscar “certificações verdes”, que atestam o baixo impacto ambiental.

“São aproximadamente 70 toneladas de alumínio entre painéis, esquadrias internas”, conta Marcelo Santos, gerente comercial da Hydro Acro, empresa que forneceu todos os perfis de alumínio da obra. A magnitude da obra exigiu o emprego de materiais que facilitam a logística e o manuseio. “Com o alumínio, você consegue fazer painéis de maior dimensão, além de ser um produto nobre, de alta durabilidade e reciclável”, elenca Santos.

Os perfis da Hydro também participam da Arena Pernambuco, em Recife.

Com capacidade para 46 mil pessoas, o estádio será palco de jogos de cinco das oito seleções participantes da Copa das Confederações. Em parceria com a Hedron Engenharia, foram fornecidas 50 toneladas de perfis extrudados para a fachada do estádio. “Também desenvolvemos um perfil para um gradil interno e guarda-corpo para a área interna dos camarotes”, explica Santos.

E não apenas no acabamento o alumínio participa, mas também no processo construtivo, por meio de formas de concreto, escoramento e andaimes. No total, a Votorantim Metais – CBA (VM-CBA) forneceu 3,5 mil toneladas para todos os estádios da Copa. “Por ser mais leve que o aço, facilita o manuseio, agilizando processos”, explica Wilson Roberto Campos, gestor de contas de construção civil da VM-CBA.

Energia alternativa

Todos os estádios que sediarão jogos da Copa de 2014 têm como compromisso ser construções sustentáveis e possuir certificações de redução do impacto ambiental. Tendo isto em vista, o Instituto para o Desenvolvimento das Energias Alternativas da América Latina (Ideal) e um grupo de estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveram o estudo Estádios Solares – Opção Sustentável para a Copa de 2014 no Brasil, avaliando a potência instalada e os custos de implantação dos sistemas. Surgiu, assim, o projeto Estádios Solares, que já está em execução em arenas como a do Mineirão e a do Maracanã.

Estádio de pituaçu (Ba), primeiro da américa latina a ter geração solar. No destaque, placas fotovoltaicas com alumínio aplicadas sobre o estacionamento

“Existe uma tendência de implantação dessa geração solar nas coberturas de estádios, porque são áreas disponíveis e ideais, já que o grau de sombreamento é muito baixo e os estádios estão em áreas que permitem insolação muito grande”, explica Jorge Fragoso, diretor de Novos Negócios da Hydro Acro, parceira do Instituto Ideal e fornecedora das três toneladas de perfis de alumínio utilizados na estrutura solar do Estádio de Pituaçu, em Salvador, candidato a Centro Oficial de Treinamento em 2014.

Com a inauguração do sistema fotovoltaico em abril de 2012, Pituaçu se tornou o primeiro estádio solar da América Latina. Segundo dados da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia, até janeiro deste ano já haviam sido economizados R$ 153 mil em energia elétrica – antes a conta do estádio era de R$ 13 mil mensais, hoje são apenas R$ 79. A energia gerada pelo sistema tornou o estádio autossuficiente.

Fragoso explica que o horizonte de duração do funcionamento de todo o conjunto de estrutura dos painéis é de 25 anos. O alumínio beneficia o projeto em razão da alta resistência à corrosão e da leveza, agregando menos peso à construção. No caso de Pituaçu, o alumínio foi empregado nas coberturas do estacionamento e dos vestiários.

 

“São feitas câmaras para a passagem dos fios de conexão e para receber a água de chuva. O alumínio tem amplas possibilidades de aplicação”, explica Fragoso. Presente em fachadas, coberturas e placas fotovoltaicas, o metal se mostra um dos recursos mais flexíveis em campo.

Fonte: Inovação e Sustentabilidade Alumínio