Showroom Via Itália, São Paulo, Arqto. Wagner Garcia

Com maior durabilidade e baixo custo de manutenção, o inox começa a ganhar o mercado da construção civil, principalmente no revestimento de edifícios.

Largamente utilizado no revestimento de edifícios corporativos nos Estados Unidos, Europa e Ásia, o aço inox começa a ganhar também o mercado brasileiro. A durabilidade e o apelo estético do insumo é o que mais tem chamado a atenção dos arquitetos e construtores nacionais, que pouco a pouco descobrem a dualidade desse produto, que pode ser considerado ao mesmo tempo clássico e contemporâneo.

Além da aparência e da durabilidade, atributos como a facilidade de limpeza, baixo custo de manutenção e a relação custo x benefício têm contribuído para a escolha do material. Estima-se que esse tipo de fachada dure, no mínimo, 60 anos e requer lavagem com água e sabão apenas uma vez ao ano.

Na hora de escolher a superfície brilhante do aço inoxidável, que proporciona uma aparência high tech, o arquiteto precisa, no entanto, observar alguns aspectos. Ao especificar o tipo mais indicado de revestimento de aço inox para uso arquitetural, o projetista deverá considerar itens como ambiente, tipos de acabamento e cuidados de manutenção e limpeza.

Altos índices de poluição urbana, proximidade do mar, taxas de umidade elevadas e presença de neblina, entre outros fatores, influem na hora de especificar o melhor tipo de inox para determinada obra. Os acabamentos mais lisos, por exemplo, apresentam melhor resistência à corrosão, pois retém menor quantidade de contaminantes e, por isso, são ideais para regiões como São Paulo, que apresentam grande concentração de poluentes.

O diretor-executivo do Núcleo Inox, Arturo Chao, explica que a durabilidade do inox deve-se às características de sua composição química. O aço inoxidável é produzido com, no mínimo, 11% de cromo, que, em contato com o oxigênio do ar, forma uma fina e invisível camada de óxido na superfície, proporcionando ao produto elevada resistência à corrosão.
Essa camada, chamada de camada passiva, confere ao aço inox propriedades de renovação natural: se danificada mecânica ou quimicamente, a película de óxido de cromo se autoregenera (o óxido do ar combina-se com o cromo formando novo filme protetor e recompondo a resistência à corrosão).

“É por isso que os painéis de aço utilizados em fachadas não recebem qualquer tipo de tratamento de proteção”, explica. O executivo destaca ainda, que a instalação do produto é realizada de forma que a própria água da chuva favoreça a limpeza do material.

Desafio

De acordo com a responsável pelo desenvolvimento do mercado da construção civil na Acesita, Arlena Montesano, em 2002, primeiro ano dos trabalhos para divulgação do aço inox para uso arquitetural, as vendas da Acesita para o setor somaram 130 toneladas.

Em 2003, as vendas para o setor de construção superaram 600 toneladas, das quais cerca de 200 toneladas apenas para o revestimento de prédios e fachadas. O restante foi empregado na fabricação de equipamentos urbanos, como pontos de ônibus, e artigos diversos, como corrimão, pisos, grades, escadas e telhas, entre outros. A previsão é manter o volume em 2004.

A expectativa é de que o setor de construção responda por 1,6% das vendas da siderúrgica até 2007, o que equivalerá a um volume de 3 mil toneladas por ano. No ano passado, as vendas de inox para uso arquitetural responderam por 0,3% do total vendido pela Acesita.

Arlena ressalta ainda que nos países da Europa, América do Norte e Sudeste da Ásia, entre 8% e 15% das vendas de aço inox vão para o setor de construção. “Isso mostra que temos muito potencial para crescer no Brasil”, afirma.

Além da divulgação do produto em si, um dos grandes desafios da empresa para elevar o uso do inox na construção é acabar com o estigma de que o insumo é caro. “Quando comparado a outros produtos, como o granito e o alumínio, o inox se mostra muito competitivo, em termos de preço, mas revela-se mais atrativo em termos de durabilidade e facilidade de manutenção”, afirma.

O primeiro trabalho de difusão do inox acontece junto aos clientes potenciais, como escritórios de arquitetura, construtoras e órgãos públicos. A segunda etapa envolve os transformadores e fornecedores, com o objetivo de melhorar a assistência ao consumidor final. “Estamos treinando alguns transformadores e fornecedores para que eles sejam mais competitivos tanto em termos de custos, como em termos de qualidade”, explica.

Arlena ressalta que o trabalho da Acesita não se limita à venda das chapas de aço inox, mas dar toda a assistência para que o material seja empregado da melhor maneira possível. A executiva afirma, no entanto, que a divulgação do uso do inox na construção é um trabalho que deve render frutos no longo prazo.

Adeptos

Uma das obras mais antigas a receber a aplicação do produto é o edifício Chrysler Building, em Nova York, de 1930 – primeira construção em aço inox nos Estados Unidos. Outro projeto expressivo da arquitetura mundial é o conjunto de edifícios do Petronas Twin Towers, em Kuala Lumpur, na Malásia.

O primeiro grande projeto a utilizar revestimento de aço inox no Brasil foi realizado pela Hochtief, responsável pela construção do edifício sede do Bank Boston, em São Paulo. O inox foi usado no revestimento da fachada, colunas, guarda-corpo e marquise de entrada, totalizando 110 toneladas. Segundo a construtora, pesaram na escolha do material a durabilidade, o apelo estético e também o fato do cliente ser americano e estar acostumado com obras mais duráveis, que possibilitam maior tempo sem manutenção.

O aço inox também foi escolhido para outro grande projeto em São Paulo por conta do apelo estético. O edifício da Vivo, assinado pelo arquiteto Edu Rocha, ganhou cerca de 100 toneladas do revestimento brilhante de inox porque o produto foi considerado ideal para transmitir modernidade e inovação.

Também contribuiu para a decisão o fato de o produto ser nacional, o que garantiria a entrega da obra no tempo previsto, a qualidade e o suporte técnico dados pela própria Acesita. Outros fatores, como a possibilidade de programação sem perdas de material e a facilidade de reposição, também contribuíram na escolha.

Outras duas obras recém concluídas em São Paulo são o edifício Tenerife, da Construtora Carmo Coury, que utilizou cerca de 40 toneladas de chapas de inox escovado nas fachadas laterais, hall de elevadores e revestimento de paredes; e o edifício Minneapolis, da RFM Construtora, que usou 30 toneladas de inox no revestimento de 320 colunas.

Em Curitiba, o Shopping Estação será a primeira obra no Brasil a utilizar intensivamente inox colorido. A obra prevista para estar concluída em maio de 2004 terá 1 mil metros quadrados de colunas na fachada revestidas de aço inox na cor champanhe, o equivalente a 13 toneladas.

Em Belo Horizonte estão em andamento as obras do Shopping AltaVila Center Class, cuja fachada e uma torre de 82 metros serão revestidos com aço inox. São aproximadamente 4,5 mil metros quadrados, equivalentes a 60 toneladas do insumo. A cobertura da cúpula também terá revestimento de inox, o que soma mais 1,5 mil metros quadrados ou 12 toneladas de inox ao projeto.

Reportagem:

Cacau Benedetti

Fonte:

Revista do Aço – INDA