Com aspecto de “ninho de aranha”, fachada que elimina a poluição atmosférica e teto que gera energia solar, prédio italiano quer se tornar referência para futuras edificações sustentáveis ao redor do mundo
Conheça o projeto do pavilhão italiano para a Exposição Universal de Milão
A Exposição Universal de Milão, em 2015, foi o lugar ideal para os países mostrarem o que há de melhor em termos de ciência e inovação para a sustentabilidade. O evento, que contou com a participação de 130 nações, apresentando alguns dos mais avançados projetos para o uso de energia limpa e soluções pioneiras no combate à poluição. A Itália, como anfitriã, quer fazer bonito desde o começo. Seu pavilhão – o prédio que abrigará os estandes e as apresentações – é um verdadeiro tributo ao melhor da arquitetura “verde”. A edificação, que lembra um casulo em formato de cubo, não só é coberta por placas para captação de energia solar como possui, em sua fachada, quase nove mil metros quadrados de um tipo de concreto que elimina a poluição do ar. O cimento “quebra” partículas orgânicas e inorgânicas presentes na atmosfera e as transforma em substâncias inofensivas para as pessoas e o meio ambiente.
energia solarNA PRÁTICA
Cimento que elimina poluição também está na frente deste hospital na Cidade do México
O pavilhão foi projetado pelo escritório de arquitetura Nemesi&Partners, de Roma, e imediatamente ganhou atenção internacional.
Esta é a primeira vez que a tecnologia de concreto que captura e elimina poluição é aplicada em tão grande escala. O cimento, batizado com o pomposo nome de i.active biodynamic pelo fabricante Italcementi, é recoberto por um ativo químico que, quando atingido por raios ultravioleta, libera as partículas responsáveis pela limpeza do ar (confira quadro).
De acordo com a Italcementi, o desenvolvimento dessa tecnologia de filtragem atmosférica levou dez anos e começou com a busca por materiais que pudessem permanecer limpos por mais tempo nas grandes cidades. Pelos cálculos da fabricante do concreto, se 15% das superfícies urbanas fossem feitas com esse tipo de cimento, a poluição do ar poderia ser reduzida em até 50%. “É uma solução proativa para ao menos um dos problemas enfrentados todos os dias por nossas cidades”, diz Carlo Pesenti, conselheiro da empresa italiana.
Tanto o projeto do Palazzo Italia – nome oficial do prédio da Exposição Universal – como a tecnologia de despoluição são inspirados em elementos e fenômenos naturais. De acordo com o escritório de arquitetura, a estrutura trançada do exterior do prédio criará áreas de luz e sombra, como em uma grande floresta. Já o processo de fotocatálise que ocorre no concreto especial induz a formação de elementos responsáveis pela oxidação e, como consequência, pela degradação dos poluentes. Isso já ocorre no meio ambiente, mas de forma muito mais lenta.
A tecnologia para a construção de prédios que “comem” poluição existe desde 2006, mas a aplicação comercial ainda é rara. Um dos poucos exemplos de edificações que fazem uso desse concreto especial está na Cidade do México, no hospital Torre de Especialidades, cuja fachada elimina os resíduos resultantes da combustão de milhares de automóveis. O custo do cimento, até 10% mais caro, ainda assusta os projetistas, mas a busca por esse tipo de solução deve se tornar cada vez mais comum. Se ela estiver aliada a um belo projeto arquitetônico, como o do Palazzo Italia, melhor ainda.
Fonte: Isto é 2015