Blobitecture, já ouviu falar? Esse é um termo técnico utilizado para designar um tipo de arquitetura criado com o auxílio de computador. Arquitetos e construtores historicamente sempre foram limitados por materiais encontrados na natureza ou fabricados a partir de materiais disponíveis. Agora que nossa tecnologia começou a fornecer substâncias e materiais ‘’artificiais’’ e a ciência da computação se desenvolveu em formas até então inimagináveis, quase não há limites para o que pode ser construído para satisfazer os desejos e necessidades humanas.

A origem do termo

 

Originalmente o termo ‘BLOB’ aplicado à a esse tipo de arquitetura foi cunhado por um arquiteto americano, Greg Lynn, em 1995. Lyin buscava um termo que se aplicasse a um objeto grande e binário (Binary Large Object) criado por um software de computador e o acrônimo ‘’BLOB’’ tirado da inicial de cada uma das palavras se adequou de forma apropriada para designar as novas formas totalmente desenfreadas e fora do comum que poderiam ser alcançadas através de cálculos do computador. BLOB -acrônimo de ‘’binary large object’’ O termo, entretanto, ainda não era utilizado nos círculos arquitetônicos e acadêmicos até que em 2002, o jornalista William Safire publicou um artigo no New York Times, onde empregou o termo ‘’Bloblism’’ pejorativamente, para se referir à nova forma de arquitetura emergente. O tiro sarcástico de Safire, que considerava a técnica uma verdadeira blasfêmia contra a arte e a ordem natural das coisas terminou saindo pela culatra, as BLOBS, ganharam visibilidade e prestígio e a partir de então o termo passou a ser empregado para designar a nova escola de arquitetura na qual as produções de formas orgânicas são a uma característica predominantemente exótica.

Liberdade de imaginação

Na longa história da arquitetura, nunca antes houve tanta liberdade para criar estruturas que imitassem as criações da natureza, e na qual linhas retas e ângulos retos são a exceção e não a regra. A tecnologia dos computadores abriu a porta para o que muitos consideram a blasfêmia na arquitetura ou para o que outros consideram uma forma de arte maior. Opiniões e gosto a parte não podemos deixar de ser atraídos pela intricada tessitura dessas construções quase surreais de tão fora do comum que se apresentam aos nossos olhos. A Blobitecture é distinta de outras formas arquitetônicas em primeiro lugar por totalmente criado a partir de design assistido por computador (CAD). Os arquitetos empregam CAD (leia um artigo sobre o assunto), para fazer esboços de edifícios praticamente em qualquer forma, para habilitá-los a fazer isso, o software calcula automaticamente equações matemáticas que implantam precisão estrutural e confiabilidade no projeto. Simplificando, sem o design assistido por computador, seria impossível realizar manipulações dos algoritmos necessários para derivar as formas tão exuberantes impossíveis de fazer no papel. Agora, graças ao software CAD, a formas que um edifício pode tomar tem potencial ilimitado.

BLOB: Experiência musical -Experience Music Project, Seattle, Imagem Darwin de Bell.

Considerado por muitos, um gênio, Lyin descobrir uma nova forma de esplendor, sofisticação e elegância na forma voluptuosas, cadenciadas e ondulantes do cálculo diferencial.

Uma visão diferente

No entanto, se você lançar um novo olhar sobre a arquitetura BLOB, a partir da ideia de forma e não de tecnologia, há certamente algumas obras precedentes que preencheriam essa definição. Um ponto que devemos observar é que o termo BLOB passou a ser empregado popularmente a quase toda e qualquer construção de formas exuberantes sendo eu fruto de um design computadorizado. Essa definição popular difere imenso da definição original de Lyin para quem o termo BLOB só deveria ser aplicado a construções biomórficas criadas por computador.

Gare de Seine, Paris – Imagem Alexandre Vialle

De fato, qualquer edifício em forma ou aparência estranha é muitas vezes referido como um exemplo de BLOB definição que, embora não esteja correta, é correta em termos da definição popular da palavra. Tomemos como exemplo, os projetos de Buckminster Fulller, por exemplo, famoso por suas cúpulas geodésicas, tem o estilo e a estrutura que mais tarde seria associado a esse estilo arquitetônico. O grupo arquitetônico inglês Archigram criou formas a partir de plástico e suas ideias provavelmente seriam classificadas como Blobitecture pelo menos sob o ponto de vista de um leigo. Incluso em 2003, Peter Cook um do membro do Archigram, passou a fazer parte da vanguarda da arquitetura ao criar o Graz Art Museum na Áustria.

Aprimoramentos

De fato, depois do arquiteto Greg Lynn muitas coisas foram aprimoradas em termos de inovação e tecnologia, por exemplo, em 1995 Greg utilizou em suas experiências em design digital o software metaball, cuja técnica havia sido inventada por Jim Blinn (cientista de computação da NASA) nos primeiros anos da década de 1980. Esta modelagem blobby (termo real) possibilitou a criação de objetos n-dimensionais de aparência orgânica, onde n é o número de dimensões (geralmente 2 ou 3) a ser medido. Em contrapartida nesse novo milênio seus seguidores utilizam um Software avançado de design assistido por computador, o CATIA. CATIA- Computer Aided Tridimensional Interactive Application é um pacote de software de multi-plataforma comercial CAD / CAM / CAE desenvolvido pela empresa francesa Dassault Systemes. O CATIA é comercializado mundialmente pela IBM

O Pavilhão das águas

Tecnicamente, o primeiro edifício projetado através dessa técnica foi o Pavilhão de Água, uma estrutura temporária na Holanda, Oosterhuis. Construída entre 1993 a 1997 por Lars Spuybroek (NOX) e Kas.

Pavilhão da água na Holanda

Seu interior era inteiramente interativo eletronicamente – a luz e o som podiam ser mudados pelos visitantes. O Pavilhão das Águas que como já dissemos teve sua presença temporária deu lugar a uma outra estrutura que por muitos é considerada de verdade a primeira BLOB em técnica e forma, e dessa vez a construção extravagante surgiu, imaginem só, da séria e austera Londres.

Uma BLOB de verdade

No Reino Unido, a maioria dos observadores, entretanto, concordam que o primeiro exemplo de arquitetura de blob “verdadeira” foi Selfridge’s Department Store em Birmingham.

A uma certa distância o edifício tem uma semelhança notável com uma baleia encalhada, há quem diga que uma colmeia se encaixaria melhor na definição, mas certamente sob qualquer perspectiva produz o resultado pretendido por seus criadores. A nova Câmara Municipal de Londres por sua vez foi descrita por um ex-prefeito como um ‘’glass testicle’’ (testículo de vidro), mas não há como negar que é um marco diferente de qualquer outro na cidade famosa por seu apego às formas tradicionais em todos os sentidos. A definição bem-humorada e a opção por uma escolha nada convencional em termos de arquitetura, pode ser considerada um sinal de que os britânicos – e londrinos em particular – estão deixando de lado suas maneiras sóbrias e se deixando levar pela descontração e otimismo que tem se mostrado com mais força nos últimos anos, em uma tendência que parece estar aumentando nas Ilhas Britânicas, assim como em todo o mundo.

Uma lagarta gigante

De acordo com os críticos da arquitetura moderna, outro exemplo brilhante de blobitecture chegou em 2004 na forma de “uma lagarta amigável gigante”. Esse foi “The Sage”, Gateshead, uma construção sinuosa de vidro refletivo e aço que serve como um centro para a música e as artes.

Millennium Bridge e The Sage, Gateshead Reino Unido – Imagem Simon e Vicki

Outro edifício que é considerado arquitetura blob é o Allianz Arena por Herzog e de Meuron, um projeto desenvolvido por Norman Foster que também se deixou envolver pela arquitetura BLOB no seu projeto para a Biblioteca Filológica em Berlim, bem como o Sage Gateshead, que foi inaugurado em 2004.

Filológica Biblioteca, Berlin – Crédito de imagem Jonas

Allianz Arena. Munique – Imagem dloop

A Holanda que figura como uma das cidades mais modernizadas também tem sua BLOB na melhor definição do termo, se você ainda não conhece os detalhes dessa construção incrível, leia o artigo The Blob: Arquitetura extravagante em design futurista, onde falamos tudo sobre a BLOB holandesa.

The Blob, Eindhoven Países Baixos, Holanda – Imagem Andrew B47

Experience Music Project, Seattle – Imagem J-Bird no K-Town

Experience Music Project, Seattle – Imagem Selva

Zlote Tarasy, Varsóvia Poland – Imagem Zlote Tarasy

Zlote Tarasy, Varsóvia Poland – Imagem Wasilka

Zlote Tarasy, Varsóvia Poland – Imagem Access.Denied

City Hall, Londres – Imagem Dmitry B

Do Aqua Tower, Chicago – Imagem ChicagoGeek

Do Aqua Tower, Chicago – Imagem John Picken

Não é BLOB!

Guggenheim Bilbao – Imagem Le French Monstro

O arquiteto Frank Gerhy criou o Museu Guggenheim de Bilbao em 1997 e embora para o olho destreinado seja considerada BLOB, no entanto seguindo suas definições mais estreitas, ela não se encaixa na definição tradicional. O motivo? Ela foi projetada usando modelos físicos em vez de manipulações de computador. Seguindo essa definição veja abaixo as construções que não se encaixam na definição original de BLOB:

Casa da dança, Praga – Imagem gdelargy

Então pessoal vamos ficando por aqui, espero que vocês tenham gostado da matéria, e para ver mais sobre essa nova escola de arquitetura, dá uma olhada no vídeo que selecionamos pra você. https://www.youtube.com/watch?v=CTawAqZUDHY

Redação : Equipe Portal Metálica – Lia Gonzaga. Fonte: http://am-arch.co.uk/the-story-of-blobitecture/ https://en.wikipedia.org/wiki/Blobitecture www.kuriositas.com/2011/01/blobitecture-rise-of-organic.htm architecturenow.co.nz/…/10-best-examples-of-blobitecture-name weburbanist.com/…/blobitecture-11-cool-ways-architecture-gets-a