Uma caixa iluminada em meio ao concreto frio da cidade. Talvez essa seja a melhor definição para o projeto 4×30, uma casa de dimensões estranhas que reúne em seu visual soluções arquitetônicas inusitadas. Como o próprio nome do projeto já sugere, o terreno de 4 metros por 30 poderia soar um desafio inalcançável para quem queria construir uma casa confortável. Construída em 3 pavimentos, no entanto, a casa conseguiu unir o calor proveniente de um lar com a feição de uma casa do futuro.

O problema principal, que poderia ser a falta de iluminação e ventilação de uma casa com terreno tão pequeno, foi facilmente driblado com soluções diversas. De paredes de vidro e investimentos em peças de aço e paredes de gesso, a construção se fundou na rapidez da montagem e durabilidade de materiais. A casa exala frescor na mesma proporção que dita seu estilo progressista em meio ao bairro Jardim Europa, localizado em São Paulo. As soluções propostas em seu design puseram a casa entre os dez concorrentes brasileiros da Bienal Ibero Americana de Arquitetura em Cadiz, na Espanha.

Aço como peça estrutural chave

Estruturas e vigas em aço se apoiam em pilares nas paredes laterais, e dão a casa ainda mais ganho de espaço. Essa foi uma das soluções arquitetônicas empregadas para superar o terreno de tamanho reduzido que o projeto tinha. Todo o conceito da casa foi feito de modo que a mesma pudesse ser facilmente modificada ou até mesmo desmontada, sem grandes problemas. Ao invés das pesadas paredes de concreto, as placas cimentícias, paredes de gesso e passadiços metálicos, ganharam vez no projeto 4×30.

Originalidade em seu âmago

Isso garante não apenas a originalidade do projeto e sua face de camaleão, podendo ter cômodos alterados com facilidade, mas também deu maior rapidez a todo o processo de construção. Amplos muros de vidro circundam as paredes laterais do projeto, dando à casa a luminosidade necessária e que seria perdida com as paredes convencionais. Além disso, as paredes de vidro dão uma noção de amplitude à casa de pequenas dimensões.

Jardim como protagonista do lar

Um dos pontos marcantes do projeto está em seu jardim, centralizado de uma forma que é fácil visualizá-lo, não importa em que lugar da casa você esteja. O jardim dá à residência um frescor natural, proveniente de sua pequena área verde combinada com a parede verde ali colocada. Ele é como um ponto da natureza cercado pelas paredes de vidro. Aponta, principalmente, para a possibilidade constante que os moradores terão de manter contato com o verde. Seja por sua integração total com a sala de estar, seja pelo seu papel de distribuir luz natural e ventilação para a casa.

Cozinha de ar singular

O aço inoxidável presente nos eletrodomésticos e detalhes na decoração, como em luminárias, por exemplo, ganham destaque em meio ao mar de branco. Em alguns pontos, como na própria cozinha, o fulgor emitido pelo aço inox refletindo a luz é o único ponto de maior destaque de toda a decoração. Permeada também por detalhes em preto e em aço, a decoração de outros cômodos também recebem pequenos pontos de destaque visual. Estruturas em aço exposto presentes em alguns pontos das paredes de vidro, e até mesmo em telhados metálicos, também são pontos que chamam a atenção. Não só a sala e o jardim estão totalmente integrados, como um único grande cômodo, mas também a própria cozinha parece inseparável da sala de estar. No entanto, outra solução deu à cozinha um ar só dela, e separou-a levemente do espaço de convívio social sem demais prejuízos de espaço. A cozinha está rebaixada em 75 centímetros, contribuindo para aumentar o pé direito e tornar os espaços de convívio e da cozinha menos espremidos um no outro. Ainda assim, os dois permanecem como um único grande espaço, e o projeto só teve a ganhar visualmente com essa solução. Ao mesmo tempo, o jardim se apresenta como único ponto divisor de cômodos no andar térreo da casa. Sem mais paredes, que só fariam a casa perder espaço e parecer ainda menor, as paredes de vidro que cercam o jardim é a única coisa que separa nitidamente o que é a sala e o resto do cômodo no térreo.

Branco em destaque

Quase que completamente trabalhada no branco, pouco se ver de cor na casa. Sua fachada é um misto de amplidão branca com uma única parede preta onde está a porta de entrada, representando o ponto de destaque para quem vê a casa. Já em seu interior, o branco vigora e ajuda a espalhar ainda mais a luz natural que entra pelas diversas e amplas paredes de vidro. Do piso até as paredes e muitos dos móveis, o branco não apenas auxilia na distribuição de luz, mas também dá ao espaço uma sensação de amplitude. Para ajudar a lidar com o espaço reduzido da residência, a decoração foi trabalhada do modo mais minimalista possível: só está presente nos cômodos o essencial. Isso não é um problema quando as cores e jogos de luz são usados da maneira adequada, como no projeto 4×30.

O charme do aço inox

Uma casa premiada

Um projeto que recebeu prêmios valiosos e cobiçados no panorama da arquitetura nacional: • Menção honrosa no 10º Prêmio Jovens Arquitetos (2011) • 2º Lugar no III Prêmio Lafarge Gypsum (2011) • Prêmio na II edição do Prêmio Casa Claudia de design de interiores (2012)

Ficha Técnica

Nome da obra: Casa 4×30 Localização: São Paulo (SP) Área do Terreno: 4 x 30 m Área Construída: 160 m² Início do Projeto: 2008 Término da Obra: 2011 Arquitetos: Lourenço Gimenes e Clara Reynaldo Colaboradores: Fernando Forte, Rodrigo Marcondes Ferraz, Ana Luíza Galvão, Bruno Araújo, Marcela Aleotti e Marília Caetano (arquitetos), Mirela Caetano, Rafaela Arantes e Wilson Barcellone (estagiários) Projeto de Arquitetura: FGMF Arquitetos + CR2 Arquitetura Projeto de Paisagismo: Studio Ilex Projeto Estrutural (Concreto): Oppea Engenharia Projeto de Instalações Elétricas: Ramoska & Castellani Materiais empregados: aço carbono, aço inox, vidro e outros Fotografias: Fran Parente