A cidade de São Francisco de Paula, a 100 km de Porto Alegre (RS), ganha um refúgio diferenciado erguido com steel frame, drywall e OSB, num projeto contemporâneo de sua criação à execução.

Ao contrário do que se espera de uma construção na serra, o “Refúgio São Chico” inova em termos de estrutura e design. Projetado para o diretor de comerciais, Robson Langhammer, a casa precisava de um apelo criativo, que foi logo acatado pelo arquiteto Luciano Andrades. “É fundamental que o projeto esteja de acordo com as necessidades do cliente sob todos os aspectos: funcionais, técnicos, estéticos e financeiros. O papel do arquiteto é justamente interpretar esses desejos e propor soluções e alternativas para resolver todos os problemas”, fala Andrades.

A casa está localizada na cidade de São Francisco de Paula, a 100 km da capital gaúcha, próxima a cidade de Gramado (conhecida em todo país por ser um reduto dos turistas no inverno). A região tem como arquitetura predominante, casas feitas com pedra e concreto, muitas vezes em estilo europeu. O costume rústico é mantido por muitos moradores, porém o “Refúgio São Chico” surge com uma proposta inovadora.

O projeto utiliza o sistema de construção a seco, com uma estrutura em steel frame, paredes em Drywall e placas de OSB. Essa tecnologia pouco difundida no Brasil (utilizada normalmente na construção de casas em cidades como São Paulo) serve como base para o refúgio, que ainda reúne materiais tradicionais como telhas onduladas e madeira comum. As telhas serão usadas para o revestimento da casa que tem formato retangular.

A casa tem um design arrojado e mesmo assim consegue se encaixar de forma harmoniosa na natureza. Muitas das árvores do terreno foram mantidas para preservar o ambiente. “Meu objetivo era criar um espaço que possibilitasse a integração do meio interno com o meio externo, com conforto para todos, aliado a um desenho contemporâneo”, expressa Langhammer.

 

O clima da região é bastante frio principalmente no outono e inverno, nesse contexto a lareira se torna um item indispensável. Mas não é só ela a responsável pelo conforto do espaço, é importante pensar em um revestimento que colabore na retenção do calor no interior da casa. O sistema Drywall possibilita um ótimo desempenho térmico e acústico, favorecendo o bem-estar de seus moradores.

Construções como o “Refúgio São Chico” são uma excelente opção para quem quer inovar e utilizar a tecnologia a seu favor. A quebra de paradigmas (casa na serra tem que ter cara de casa na serra, casa na praia tem que ter cara de casa de praia) pode trazer grandes benefícios à sua construção.

O Projeto 

     

 

         

         

 


A Construção passo-a-passo

Semana 1 – Sistema: Convencional

A primeira etapa de construção do refúgio consistiu na execução da base para receber as estruturas da casa em steel frame. Depois de preparado o terreno iniciou-se os trabalhos de execução da laje em concreto armado. As fundações em pedra grês e blocos de concreto formam a estrutura de sustentação da laje. Esse procedimento levou cinco dias para ser concluído e após um período de 20 dias o concreto estava pronto para receber a estrutura em steel frame.

     
Fundação:  pedra grês e blocos de concreto formam a estrutura de sustentação da laje

Semana 2 – Sistema: Obra Seca

Nessa semana realizou-se a execução da estrutura em steel frame num galpão em Porto Alegre (RS). A equipe iniciou a montagem dos módulos (paredes e tesouras) da casa. Uma caixa em OSB serve como base para facilitar o trabalho de encaixe e fixação dos perfis. Depois de montados, os módulos estão prontos para receber o revestimento em chapas de OSB.

     

Semana 3 – Sistema: Obra Seca

Com a finalização da montagem das paredes e vigas em steel frame, iniciou-se nessa semana a colocação das placas estruturais em OSB. Conforme as recomendações técnicas, as placas medindo 2,44 x 1,22 m foram sendo fixadas obedecendo a um espaçamento (juntas de dilatação) e contraventamento necessário entre as placas. Nos módulos maiores levando em consideração o peso da estrutura, o OSB será fixado no local, a fim de facilitar o transporte. Por fim, os módulos foram colocados no caminhão e transportados para São Francisco de Paula (RS).

     

Semana 4 – Sistema: Obra Seca

Depois de duas semanas em Porto Alegre seguimos rumo a São Chico transportando os módulos em steel frame e as chapas de OSB dando início à montagem no local. Após descarregar o material iniciaram-se os preparativos para montagem das paredes. Os módulos receberam fita de neoprene (banda acústica) na soleira inferior evitando o contato direto da estrutura com a laje, compensando imperfeições do concreto, além de ajudar na estanqueidade das paredes. Logo após, os módulos foram colocados sob a laje e fixados à pólvora por pinos. A união desses módulos é feita por parafusos autobrocantes que dão rigidez e resistência à estrutura observando sempre o alinhamento e nivelamento do conjunto. Por fim, chumbadores e cantoneiras em aço complementam a ancoragem das paredes.

     

Semana 5 -Sistema: Obra Seca

Nessa semana, a segunda em São Chico, foi dedicada à finalização da montagem do frame e colocação do OSB no restante dos módulos. Após a finalização das paredes a equipe iniciou a montagem das vigas de bordo e colocação das tesouras. Medindo 15 m de comprimento por 0,55 m de altura, as vigas foram fixadas sobre as paredes de uma lateral à outra, unindo o corpo principal da casa com a suíte. Essa viga, além da função estrutural, configura a platibanda que posteriormente ocultará a cobertura. Após, fixou-se às tesouras em intervalos de 1,20 m seguindo a modulação do projeto. Por fim, completou-se a colocação dos painéis de OSB sugerindo uma idéia aproximada da volumetria final da casa.

   

 

Semana 6 – Sistema: Obra Seca

A 6ª semana foi dedicada à colocação da membrana impermeabilizante e início da execução das instalações hidráulicas e elétricas. Após fixar as últimas chapas de OSB a equipe iniciou o trabalho de proteção da estrutura com a fixação do tyvek. Esse produto assegura a estanqueidade da estrutura, além de permitir a passagem do vapor gerado internamente para fora da casa evitando a umidade nas paredes internas. Com a face externa protegida pelo tyvek, a estrutura está pronta para receber os revestimentos e acabamentos finais. Em paralelo, iniciou-se a execução das instalações hidráulicas e a passagem dos eletrodutos. As tubulações em polipropileno para condução da água quente e fria foram executadas em sua maioria sob a laje, no balanço da casa, facilitando o trabalho. Já os pontos de luz receberam caixas de passagem e eletrodutos conectando-se ao quadro de distribuição.

      

Semana 7 – Sistema: Obra Seca

Nessa semana, após a colocação da membrana impermeabilizante (Tyvek), iniciou-se os serviços de funilaria e carpintaria. A equipe da funilaria deu início a colocação da telha de cobertura, calhas e rufos. Essa tarefa é importante porque junto com a membrana impermeabilizante, complementa a vedação da casa. Já a equipe de construção finalizou as instalações hidráulicas e a passagem dos eletrodutos e quadro de distribuição. Ao mesmo tempo, iniciaram-se os serviços de carpintaria com a colocação dos marcos das esquadrias e revestimento em lambri nas paredes externas.

     

Semana 8 – Sistema: Obra Seca

Esta semana foi dedicada ao revestimento externo da casa com a complementação do lambri em pinus autoclavado e os serviços de funilaria terminaram a cobertura e começaram a instalação da telha ondulada. O volume que envolve a área de estar, cozinha e serviços destacado pelo balanço e pela altura diferenciada, foi revestido com lambris de pinus autoclavado, complementando o serviço iniciado na semana anterior. Já a funilaria finalizou a cobertura e iniciou a instalação da telha ondulada no volume que abriga o setor íntimo (dormitórios e banhos). Com a conclusão desses serviços e a instalação das esquadrias, a casa estará totalmente vedada e pronta para receber os acabamentos internos.

     

Semana 9

Nessa semana foi concluída a colocação da telha ondulada e a montagem da estrutura metálica para apoio do deck. Com a fixação da telha ondulada nas paredes externas o trabalho da funilaria foi dedicado aos acabamentos. Para arremate da telha ondulada junto à cobertura instalou-se em todo perímetro um capeamento em chapa galvalume dobrada. O mesmo tipo de acabamento foi aplicado sobre o volume de madeira permitindo o escoamento da chuva (pingadeira). Já no encontro do revestimento em telha ondulada, nas arestas do volume, fixaram-se cantoneiras em chapa dobrada para vedação e melhor acabamento. Em paralelo, a equipe de metalurgia executou a montagem da estrutura metálica para apoio do deck em pinus autoclavado. Vigas em aço projetadas em balanço medindo 9 m x 2,9 m foram ancoradas junto a estrutura de concreto aramado.

     

Ficha Técnica:
Projeto arquitetônico – Arquiteto Luciano Andrade
Parceiros desse projeto:
Formac no Brasil
Ducasse
Masisa
Eurotelhas, Placocenter
Zardo Rocha 
Studio Paralelo