Desempenho das telhas sanduíche depende de cuidados com armazenamento e montagem recomendados por projetistas e fabricantes

As telhas termo isolantes são compostas basicamente por duas chapas de aço ou alumínio e núcleo de material isolante de poliuretano, poliestireno, lã de vidro ou lã de rocha, com espessuras e densidades que variam de acordo com o projeto da cobertura.

Esse tipo de solução costuma ser empregado para a redução da passagem de ruídos internos ou externos e para conforto térmico, evitando ganhos de calor da edificação em clima quente e perdas de calor em climas frios. Esse processo tem como benefício direto a redução do consumo de energia para o resfriamento ou aquecimento do ambiente. Por isso, as telhas sanduíche são frequentemente encontradas em edifícios industriais e comerciais, armazéns, indústrias de alimentos, terminais de passageiros e shopping centers. Mas nada impede que o produto também seja utilizado em residências.

De acordo com o Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), o desempenho térmico almejado depende não só da telha, mas de todo o sistema de cobertura, isto é, da estrutura, caimento, comprimento do telhado e vãos entre apoios. Assim, a especificação deve ser feita para todo o sistema, por profissionais especializados – para evitar a ocorrência de patologias. “É importante não acreditar em milagres. Isolamento térmico depende em grande parte da quantidade de material usado e sua qualidade, portanto, ele é diretamente proporcional ao preço pago”, comenta a arquiteta Silvia Scalzo, membro da Comissão Executiva do CBCA.

Assim como um bom projeto, a mão de obra tem papel fundamental na garantia da eficiência do sistema, já que uma falha na instalação poderá colocar tudo a perder. Uma das dicas de Silvia para avaliar um bom instalador é observar o currículo de obras já realizadas, equipamentos disponíveis e conhecimento técnico da equipe de atendimento.

No canteiro

Cabe ao engenheiro responsável pela obra, normalmente assessorado pelo responsável pela montagem, assegurar-se de que as telhas chegaram intactas ao canteiro, sem qualquer amassado ou arranhão. O serviço adequado do fornecedor é fundamental nesse processo. “A embalagem deve ser adequada ao tipo de produto e é difícil estabelecer uma única forma para ela. No entanto, a ausência de embalagem, com peças apenas empilhadas na carroceria do caminhão, já indica má qualidade do fornecedor”, afirma Silvia. Também deve ser verificado se as peças estão de acordo com o pedido de compra, tais como modelo, espessuras, material, cor e comprimento.

O armazenamento deve ser feito em local seco e coberto, para que não haja umidade entre as peças antes da sua montagem. “Bons fornecedores enviam instruções a respeito, junto com a nota fiscal”, explica a arquiteta do CBCA.

De acordo com Luiz Valério Trindade, coordenador do Grupo de Trabalho Telhas de Alumínio da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), os fabricantes de telhas metálicas em geral são unânimes em orientar que estes cuidados são fundamentais para que seja mantida a integridade física das peças e, consequentemente, não se tenha impactos indesejados na estética da obra depois da instalação. “A não observância das recomendações expostas nos catálogos técnicos dos fabricantes pode acarretar, por exemplo, manchas de oxidação nas peças, as quais não são passíveis de serem removidas e podem comprometer a estética final da obra”, afirma.

Instalação

Antes da montagem é recomendável que o material seja comparado com o previsto em projeto para verificar, antecipadamente, eventuais problemas. A estrutura de apoio também deve ser averiguada na busca por desalinhamentos ou interferências que possam comprometer a qualidade da instalação e, consequentemente, do telhado.

A montagem deve ser realizada de acordo com as normas de segurança e as recomendações do projeto executivo. Durante a instalação, um dos principais cuidados está relacionado à fixação, com a utilização de acessórios adequados para esse fim. Além disso, “o ideal é que as fixações sejam feitas na onda alta da telha, pois neste ponto não há acúmulo de águas pluviais e, consequentemente, reduz-se consideravelmente a chance de goteiras”, complementa Trindade.

Outro ponto destacado pelo coordenador da Abal está relacionado às sobreposições indicadas pelos fabricantes, que obedecem a regras de acordo com o grau de inclinação da cobertura. Ou seja, se a inclinação for mais íngreme, pode-se adotar uma sobreposição simples; sendo uma angulação mais sutil, deve-se recorrer à sobreposição dupla. “No caso específico das telhas onduladas, a norma ABNT NBR 14.331 (Alumínio e Suas Ligas – Telhas e Acessórios – Requisitos, projetos e instalação) estabelece que se deve adotar sempre sobreposição dupla, em função de sua baixa altura de onda, independentemente do grau de inclinação da cobertura”, comenta.

O coordenador da Abal ainda explica que os acessórios de vedação (fita de vedação e fechamento de onda) são complementos muito importantes e de baixo custo, que podem contribuir para a maior estanqueidade da cobertura.

Especialistas também recomendam atenção minuciosa aos cuidados com acabamentos, como cumeeira, rufos e, principalmente, nos encontros de diferentes águas do telhado. A arquiteta Silvia Scalzo lembra que, no caso de chapas de aço, é fundamental ter cuidado com relação à limpeza do telhado, de modo que a limalha resultante de cortes não fique depositada na cobertura, pois em contato com a umidade do ar mancha a superfície da telha, em um primeiro momento, e depois propicia o aparecimento de focos de oxidação.

Ela ainda recomenda que o engenheiro responsável pela construção exija a limpeza do local de montagem antes de assinar o “aceite” da obra.

Normas técnicas

Silvia Scalzo explica que não existe norma de montagem, apenas recomendações vindas de fabricantes, montadores e entidades. Para as coberturas e fechamentos de aço, por exemplo, o desempenho e a durabilidade do subsistema estão diretamente relacionados ao tipo de aço utilizado e ao seu revestimento. “Tem ocorrido entrada no mercado brasileiro de materiais abaixo das especificações de normas, com peso da camada de revestimento praticamente de um terço do peso de referência e espessura de revestimento com metade do valor de referência”, alerta.

Segundo ela, no caso das coberturas, aços que não atendem às especificações podem causar corrosão e a consequente falta de estanqueidade, fragilizando o telhado. As patologias geradas poderão danificar outros componentes da cobertura ou os subsistemas associados. “A falta de estanqueidade danifica paredes, lajes e a própria estrutura do telhado, além de inutilizar eventual isolamento térmico e sua contribuição para conservação de energia”, comenta. Portanto, segundo ela, o não atendimento às boas práticas causa impactos sociais, econômicos e ambientais, seja pela maior geração de entulhos, seja pelos maiores gastos para o consumidor final.

CHECKLIST

· Orientar, no projeto, o tipo de telha mais adequado para garantir o conforto da edificação

· Certificar-se da experiência do pessoal de mão de obra

· Averiguar se há desalinhamentos ou interferências na estrutura de apoio

· Atentar para as normas de segurança durante a instalação

· Conferir adequação de parafusos, conforme orientação de projeto ou do fabricante

· Atentar para acabamentos em cumeeiras, rufos e, principalmente, nos encontros de diferentes águas do telhado

· Limpar o telhado para que não haja nenhuma limalha resultante de cortes, no caso do emprego das chapas de aço

Reportagem: Kelly Carvalho
Fotos: Wagner Silveira

 

Fonte:

Revista Construção Mercado – Edição 157 – Agosto/2014

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