Em meados de 1931, quando Charles Ebbets fotografava montadores irlandeses alpinistas e índios Mohawk finalizando a estrutura metálica do Empire State Building em Nova Iorque, significava que ali confirmava-se a supremacia norte americana e que viria a perdurar até hoje. Em outubro de 2013, o engenheiro americano M. Arthur Gensler anuncia que a Shanghai Tower, que terá 632m de altura e 121 pavimentos, está com a estrutura metálica principal pronta e breve será inaugurado o maior edifício da China, o segundo do mundo, somente superado pela torre Burj Califa em Dubai, com seus 828m. Sintomático de um país que cresce 10% ao ano há 30 anos: das salas deste edifício virão as ordens que comandarão o mundo.

Os exemplos apontados demonstram a importância do aço na civilização moderna. Mais que isso, toda nação que se desenvolve e industrializa passa a fazer uso maciço da estrutura metálica na construção civil, especialmente na edificação de prédios multiandares. Isso ocorreu com o Japão, depois a Coréia do Sul e agora a China e todos os seus filhos tigres asiáticos. Esta migração de sistemas construtivos convencionais para sistemas industrializados, entre os quais a estrutura metálica, é inevitável já que os recursos humanos tornam-se mais escassos e os prazos de execução cada vez menores.

Porém esta realidade inexorável resiste a ser implantada com plenitude no Brasil, e especialmente em Goiás, em função de vários fatores desambientadores:

– Universidades desconectadas com o mercado, com baixíssima carga horária no ensino da construção metálica, tanto na Engenharia Civil como na Arquitetura.
– Meio técnico arredio à inovação: atitudes conservadoras apesar do extenso conhecimento desta tecnologia em todo o mundo.
– Dificuldades de financiamento: acúmulo de pagamentos nos primeiros meses de implantação da obra.
– Carga tributária alta, criando um abismo fiscal entre as tecnologias pré-fabricadas e as moldadas in loco.
– Fábricas lentas no processo de automatização, sugerindo que a qualidade possa ser prejudicada. Falta de apoio dos governos a um setor que exige altos investimentos para manter-se com tecnologia de ponta.
– Preconceitos folclóricos como: o aço é muito caro, o aço enferruja e cai, o aço queima e cai, o aço exige muita manutenção, o aço acaba e o concreto é para sempre.
– Receio dos tomadores de decisão de que haverá patologias irreversíveis nas interfaces. Mercado carente de sistemas construtivos de fachada industrializados.
– Falta de planejamento adequado das construtoras e incorporadoras: pressuposição de que a construção convencional será mais vantajosa, sem estudos comparativos preliminares, fechando as alternativas para os próprios investidores.

Apesar de a lista parecer não ter fim, é nosso dever desatar os nós górdios que impedem a nossa rápida inserção nos sistemas construtivos praticados pelos países que crescem efetivamente. Aliás, não há país rico que não tenha um intenso uso da construção metálica em seu Market Share. Para se ter uma idéia, nos Estados Unidos metade de todos os edifícios são executados em estrutura metálica, índice limitado pela capacidade produtiva das fábricas instaladas. Assim, temos que atuar decididamente para redirecionar o que foi apontado acima. Algumas ações pró-ativas sempre serão benvindas como:

– Intensificar a utilização de estruturas mistas aço-concreto, especialmente pilares mistos em edifícios altos, para viabilizar economicamente os empreendimentos.
– Buscar a aproximação da cadeira produtiva da construção metálica com os arquitetos e engenheiros de planejamento dos incorporadores, gerando um ambiente de cooperação no sentido de alinhar as decisões na direção do sistema construtivo mais vantajoso para cada obra.
– Generalizar os estudos preliminares de viabilidade, aonde as questões de redução de prazos (com suas respectivas reduções de custos fixos e antecipação da renda do empreendimento), diminuição de custos com segurança do trabalho e reclamatórias trabalhistas (pela diminuição de efetivo no campo), diminuição de contingências com vizinhos, diminuição das fundações, maior precisão e forte apelo de sustentabilidade, sejam efetivamente levadas em conta.
– Lutar pela desoneração do setor e melhoria do ambiente de negócios.
– Trazer alternativas de financiamento para resolver o gargalo da concentração de pagamentos.
– Pulverizar o conhecimento técnico do setor, hoje concentrado em algumas entidades e empresas, por todo o meio acadêmico e toda a cadeia produtiva da construção civil.

Ganhos de mercado da edificação industrializada serão ganhos de produtividade creditados a todo o setor de construção do país. E, quem sabe, possamos diminuir o afastamento abissal que nos foi imposto, nos últimos 30 anos, por economias pujantes como a China, Hong Kong e Singapura, do eixo do desenvolvimento global.

Fonte:

Revista Mais do SINDUSCON GO