A estrutura metálica, cada vez mais presente na arquitetura, traz novos conceitos e partidos para a arquitetura abrindo novos caminhos para o arquiteto em sua concepção arquitetônica.
O objetivo desta monografia é o de mostrar diferentes formas de partidos e concepções arquitetônicas que surgiram com a estrutura metálica, mostrando suas influências formais como estilo, sua influência psicológica no comportamento do ser humano e sua influência simbólica, trazendo uma linguagem contemporânea em sintonia com a realidade do presente mundo em que vivemos.
Todas essas características serão demonstradas ao longo do texto ilustrado por 57 figuras, mostrando exemplos para o melhor entendimento da proposta desta monografia.
Índice por Capítulo
Capítulo 1- Novas formas Estruturais a partir das Estruturas Metálicas
Capítulo 2 – A estrutura, da forma simples às formas complexas
Capítulo 3 – Utilização de estruturas de setores construtivos adversos
Capítulo 4 – A nova espacialização da Arquitetura
Capítulo 5 – Espaço Simples x Espaço Complexo
Capítulo 6 – A influência dos espaços no ser humano
Capítulo 7 – Exemplificação entre volumetrias simples e complexas
Capítulo 8 – Conclusão e Bibliografia
Introdução
Esta monografia, tem por objetivo fazer uma análise de projetos arquitetônicos edificados ou não que utilizam a estrutura metálica. Sua principal análise tem por objetivo demonstrar como a estrutura metálica influencia na concepção e desenvolvimento do projeto arquitetônico e, através de seu desenvolvimento tecnológico ao longo do tempo, criou novas perspectivas na concepção de um projeto.
Ele também visa mostrar esse desenvolvimento da tecnologia na estrutura metálica e sua direta conseqüência no desenho arquitetônico, no âmbito nacional e internacional, sendo estes dois analisados de forma separada devido a existência de duas realidades muito diferentes entre a situação nacional e mundial.
Como objetivo final, deseja-se demonstrar como a estrutura metálica permitiu uma nova forma de expressão para a arquitetura contemporânea, dando-lhe mais liberdade, mais leveza e se tornando o ponto de principal destaque para uma arquitetura que busca cada vez mais novas tecnologias e novas geometrias que formem um volume de complexidade até então jamais alcançados pelo homem.
1 – Novas formas estruturais a partir das estruturas metálicas
A estrutura metálica, como se pode observar, possui uma capacidade estrutural muito maior que o concreto armado para determinados fins. Sendo assim, ela traz uma maior liberdade para o desenho conceitual da estrutura. Mas o surgimento dessas novas formas, vem de um desenvolvimento histórico pelo qual a estrutura metálica e o homem passaram. As primeiras estruturas metálicas, a serem construídas, foram feitas na Europa em meados do século XIX, antes da utilização do concreto armado.
Um belo exemplo é o Crystal Palace , construído para abrigar uma feira; ainda hoje inspira arquitetos da atualidade, principalmente os relacionados diretamente como Nicholas Grimshaw, arquiteto inglês que, entre tantas obras, projetou a nova parte da Waterloo Station destinada à linha internacional de trens.
Ele mesmo cita, em um livro de suas obras sobre o Crystal Palace: “Eu admiro o palácio de cristal de Paxton, que nos mostra um bom exemplo de como um bom conceito inicial foi levado sem alterações até o final de sua execução em 1851″. (POWELL, 1993, p. 10)
Waterloo Station – Implantação e vista das Plataformas de Embarque
A partir disso, se vê como a forma da estrutura metálica permite uma unidade maior entre o design do edifício e sua construção final. E mesmo com a vinda de novos conceitos arquitetônicos, como o modernismo que buscava a pureza das formas, a estrutura metálica trouxe uma qualidade estrutural e um nível de precisão inacessível ao concreto armado.
Sua leveza trouxe para os arquitetos modernos formas de se projetar um edifício jamais imaginadas, principalmente no que se refere a altura dos mesmos, como os novos arranha-céus, que atingiram grandes alturas graças a estrutura metálica.
As próprias formas de se desenhar uma estrutura metálica transformam o design, tendo por base que suas necessidades diferem da estrutura em concreto. Devido sua leveza e esbelteza, a estrutura metálica necessita de contraventamentos além dos travamentos convencionais. Isso torna o próprio conceito da estrutura diferente.
No Brasil a história foi um pouco diferente. Num país carente de tecnologias e de mão-de-obra qualificada, o concreto armado se adaptou melhor do que o aço. Sendo assim, o início de sua utilização, deu-se em meados do século XX. Segundo (DIAS,1993), aqui no Brasil a utilização dessa estrutura veio somente com o incentivo de muitos homens e graças ao surgimento de uma indústria siderúrgica no país, que antes importava todo aço que consumia.
“O país importava praticamente todo aço de que necessitava, tanto que as instalações industriais da própria CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) foram construídas com estruturas fornecidas por empresas estrangeiras. Contávamos com excelentes fábricas de estrutura metálicas, como a Companhia Brasileira de Construção Fichet Schwartz-Hautmont, que se instalou em 1923, a Pierre Saby, em 1935, e posteriormente, a Construtora Metálica Nacional e a União dos Construtores Metálicos. Eram todas de escola européia e operavam no mercado com estruturas do tipo filigrana, isto é, com estruturas leves, de um modo geral constituída por elementos em forma de treliças…”(DIAS, 1993, p.9).
Percebe-se que a indústria nacional se formou tardiamente trazendo essa forma de estrutura muito tempo depois. ” … A USX (United States Steel) , após pesquisa de mercado, recomendou à CSN a instalação de uma fábrica de estruturas com o objetivo de consumir a produção de laminados e de incentivar seu uso. Surgia, assim, em 1953, com a FEM – Fábrica de Estruturas Metálicas, a necessidade de se criar a tecnologia brasileira da construção metálica.” (DIAS, 1993, p. 9).
Logo após, vê-se o surgimento do primeiro edifício em aço no Brasil. E esse edifício seria projetado para servir de garagem ao centro de São Paulo, a Garagem América do arquiteto Rino Levi .
Construída em 1957, apesar de ter sido bem utilizada as propriedades da estrutura metálica no edifício, que tinha dois acessos com diferença de nível de sete andares, fica evidente a falta de experiência quanto ao uso de estrutura metálica na edificação comparado a outros países. O próprio conceito do edifício já mostra um pensamento voltado para o concreto armado sendo, as peças metálicas, substitutas das peças de concreto.
E assim começou a utilização do aço no Brasil. Comparado com o que se vê sendo feito hoje em dia na arquitetura metálica brasileira, é perceptível que seu conceito avançou muito trazendo grandes inovações à arquitetura nacional. Isso fica claro ao olharmos, como exemplo, o edifício sede da Federação do Comércio do Estado da Bahia, construído em 1987 . Nele há uma arquitetura onde o conceito já nasce trazendo a estrutura metálica e que explora bem mais seu potencial.
Nos capítulos a seguir, veremos quais formas de desenvolvimento da estrutura metálica apareceram no decorrer do século XX, sejam nacionais ou internacionais e sua influência na arquitetura, principalmente na sua concepção.
2 – A Estrutura, das Formas Simples às Formas Complexas
A estrutura metálica, de certa maneira, criou diferentes formas para a estrutura das edificações. Suas propriedades traziam outros conceitos que poderiam ser mais explorados pela arquitetura. Com ela, é possível utilizar maiores balanços e menos pilares, o que confere extrema leveza para a arquitetura. Pode-se ver isso em algumas obras citadas a seguir, em ordem cronológica, construídas no Brasil.
Por exemplo, o Edifício Avenida Central no Rio de Janeiro de 1961, projetado por Mindlin (fig. 6),traz traços muito rígidos, mas seu porte e seu conceito inicial já mostram uma forte referência aos prédios norte-americanos que eram de conceito moderno, de formas puras, mas desenhado para ter uma estrutura metálica, sendo mais leve e, dessa forma, ganhando maior altura sem comprometer a arquitetura, com peças estruturais como pilares e vigas, de tamanhos desproporcionais.
Outro bom exemplo é o edifício Palácio do Desenvolvimento projetado por Oscar Niemeyer em Brasília em 1973
Neste edifício, o arquiteto se aproveita da leveza da estrutura metálica para criar, no térreo do edifício, menos apoios deixando grandes balanços criado por vigas de transição, que transferem as cargas, da estrutura metálica para pilares internos de concreto, dando ao edifício um belo aspecto de leveza e desprendimento do solo, tornando seu térreo, um local agradável ao pedestre e ao espectador da rua.
Outro projeto que ilustra bem o novo pensamento arquitetônico através da estrutura metálica, é o Palácio de Congressos da Bahia de 1979, projetado por Jader Tavares e localizado em Salvador (fig. 8). Este foi um dos primeiros edifícios a trazer uma nova forma completa de desenho arquitetônico desenvolvido para a estrutura metálica. Seu conceito foi totalmente inovador sendo uma espécie de edifício ponte com grandes vãos de até 35 m. Mais uma vez o edifício ganha leveza com grandes vigas longitudinais treliçadas, que têm a altura do próprio edifício, e preso ao solo apenas por quatro torres de circulação vertical.
Ao comparar-se estes edifícios, se vê como a estrutura metálica se desenvolveu no Brasil saindo do pensamento do edifício de concreto, para adquirir uma forma própria, primeiramente buscando uma linguagem no exterior, e posteriormente o início da formação de uma linguagem e um estilo mais próprios e característicos do Brasil. No exterior houve um desenvolvimento muito maior devido à ampla utilização desse tipo de estrutura e ao maior tempo em que ela vem sendo utilizada. Os exemplos a seguir, mostram melhor o desenvolvimento da estrutura metálica no mundo
Uma primeira construção para se citar, é a Maison de Verre em Paris, feita por Pierre Chareau em 1932 .
Nela se vê a grande influência do modernismo com sua formas puras, sua funcionalidade, mas uma presença no projeto de uma construção que poderia ser construída tanto em concreto quanto em estrutura metálica. Já nos E.U.A., o grande crescimento do país e a necessidade de grandes edifícios para áreas urbanas limitadas como Manhattan ou Chicago, trouxe novos conceitos de edifícios, que só existiam devido a estrutura metálica. Sendo assim os conceitos arquitetônicos adquiriram uma nova forma, um novo pensamento.
Como o Rockfeller Center, ou o Seagram Building de Mies van der Rohe de 1957, mesmo outros edifícios como o Chrysler Building projetado por William van Alen , ou o própio edifício da Pan-Am .
Mais recentemente pode-se citar obras como as pontes de Santiago Calatrava, entre elas a Erasmus Bridge em Roterdã, onde ele consegue um fino equilíbrio sustentando a ponte apenas com um pilar e se utilizando muito dos tirantes, vencendo um vão de 284 m.
Assim percebe-se como Calatrava explora de uma forma muito maior a estrutura metálica, se aproveitando de suas vantagens e deixa-se influenciar desde seus primeiros desenhos conceituais
Hoje em dia se vê cada vez mais essa influência presente nas mais diversas formas, de acordo como a criatividade dos arquitetos voa e se liberta.
Outro bom exemplo é a renovação do edifício do Nationale Nederlanden and ING Bank em Budapeste (fig. 15), projetado por Erik van Egeraat, onde ele criou alguns andares a mais no edifício antigo, construído no século passado.
Colocando-os com estrutura metálica e coroando-os com uma espécie de baleia ou peixe, relembrando uma forma orgânica, contrapondo a arquitetura do edifício antigo, mostra a utilização de vários perfis diferentes que formam a estrutura e seu fechamento, constituindo uma pele que compõe todos esse perfis, como já se viu na Waterloo Station anteriormente.
E, finalmente, outro exemplo que não poderia faltar, seria o edifício de Frank Gerhy, o museu Guggenheim de Bilbao, que impressionou o mundo pelo seu formato abstrato e escultural onde ele deixa de ser uma seqüência de perfis com uma pele, mas algo bem mais complexo, com várias formas extremamente complexas, com vários perfis formando camadas de peles que se entrelaçam em uma incrível composição.
3 – Utilização de estruturas de setores construtivos adversos
A utilização da estrutura metálica na arquitetura, permitiu aos arquitetos utilizarem formas estruturais de setores construtivos diversos fora da construção civil. Esses outros setores também se utilizam amplamente das estrutura metálica.
Os setores que se mostrará aqui, que serviram de inspiração criativa para alguns arquitetos, são os setores náutico e aéreo. Do setor náutico a forma das estruturas que compõe os cascos dos navios têm uma forma própria que seguem princípios hidro-dinâmicos. Essa forma singular, atraiu o interesse de alguns arquitetos que a transpuseram para a arquitetura. As estruturas de mastreamento de navios, também acabaram sendo muito utilizadas na arquitetura, graças a sua esbeltez e extrema rigidez.
Uma obra que mostra bem a utilização de perfis náuticos, é a North Woolwich Pumping Station, projetada por Nicholas Grimshaw em 1988 situada em Londres.
Nela, o arquiteto através dos perfis de navios, buscou ganhar espaço necessário para o maquinário que lá funcionaria.
Com esses perfis ele ganhou vãos de 40m e praticamente a ausência de pilares internos. Segundo (POWELL, 1993), o edifício relembra o formato robusto de um submarino, é maciço com uma forma de casco contínuo e liso. Com essa forma a estrutura permite a criação de um espaço interno desobstruído, muito importante para a funcionalidade do edifício.
Outro edifício interessante para se observar é um outro projeto do próprio Grimshaw onde ele utiliza mastros de veleiros para sustentar a cobertura. O edifício se trata do Shopping and Leisure Project situado no porto leste, das docas de Londres. Por se tratar de um porto, e atrás do terreno haver construções do século passado e de arquitetura relevante.
Seu edifício, de forma a não apagar a arquitetura centenária, relembra um Clipper (embarcação tipo veleiro, com cerca de quatro mastros que fazia as rotas comercias com o oriente no século passado), os quais aportavam no exato local onde se encontra o shopping para descarregar sua mercadorias. Dessa forma ele preservou a arquitetura existente resgatando uma antiga imagem do local, ressaltando sua história, sem prejudicá-la .
Essa releitura existente na arquitetura, enriquece-a muito e mostra como a estrutura metálica permitiu para a arquitetura uma forma completamente diferente de criação e desenho.
Outro desenho seguido muito na arquitetura, são as formas das aeronaves que seguem os princípios aerodinâmicos. O desenho das aeronaves é muito esbelto e limpo, e sua tradução na arquitetura é possível em grande parte pela estrutura metálica. Um bom exemplo é o Satellite and Piers, Heathrow Airport em Londres.
A releitura do desenho de asas e da fuselagem de aeronaves, é bem forte e bem traduzido para as escalas arquitetônicas, produzindo um ambiente em que o passageiro, desde a área de embarque até as salas de espera já vai se sentindo dentro de uma aeronave. Além disso, sua identificação direta com as aeronaves constantemente presentes no local tornam o conjunto todo (braços de embarque mais salas de espera, check-in e aviões) muito uníssono e agradável criando uma unidade muito rica e interessante.
Mesmo quando a arquitetura não é uma leitura direta de aviões ou navios suas peças de composição estrutural podem ter traços diretos de design aeronáutico ou náutico. Grimshaw se utiliza muito desse aspecto que a estrutura metálica oferece ao arquiteto, e praticamente todas suas obras tem desenho de peças exclusivas moldadas somente para certa obra, e geralmente trazem desenhos aeronáuticos ou náuticos como pode-se observar nos exemplos a seguir:
O arquiteto mostrado como exemplo, é somente um em meio a vários arquitetos que utilizam a estrutura metálica como meio de se chegar a formas arquitetônicas diferentes graças a sua versatilidade, leveza e precisão. É uma pequena mostra de onde o arquiteto pode chegar com esse tipo de sistema estrutural.
Como a estrutura metálica é utilizada nas mais diversas áreas desde navios, aviões, carros, entre outros, sua exploração seja ela do ponto de vista tecnológico ou do ponto de vista de seu desenho, é muito mais variada e explorada, tornando-se mais versátil e variável às condições naturais, formando um recurso excelente para o arquiteto utilizar em seus projetos.
4 – A Nova Espacialização da Arquitetura
Como se viu no capítulo anterior, a estrutura metálica levou os arquitetos a buscarem novas formas estruturais que trouxeram novas formas tridimensionais para a arquitetura. A utilização dessas formas, que vieram desde barcos até aviões, trouxe uma espacialização nova para a arquitetura, até então inexplorada. As formas puras, procedentes de geometrias puras, como cubos, cilindros, pirâmides, que foram amplamente utilizadas no modernismo começam a ser contrapostas a novas formas geométricas mais complexas, com várias faces irregulares, curvilíneas ou não, que envolvem grandes cálculos matemáticos para reproduzi-las na arquitetura real.
A seguir veremos a obra do arquiteto Frank O. Gehry para a sede do museu Guggenheim em Bilbao no país Basco e para a nova sede do Museu em Nova Iorque .
Nesta obra da arquitetura contemporânea, o arquiteto conseguiu contrapor em uma excelente harmonia formas geométricas puras identificadas além de sua forma elementar, por revestimentos de pedra, e formas de extrema complexidade, talvez as mais complexas já construídas na arquitetura, as quais só um computador pode calcular. Elas são ressaltadas pelo seu revestimento com placas de titânio que são de incrível durabilidade, resistência e beleza. Esses dois volumes têm sua conexão, através de cortinas de vidro que dão transparência ao edifício.
Essa descrição, que está de acordo (Solomon R. Guggenheim Institute, 2000) [1]. O arquiteto, fez questão de ressaltar essas diferenças na arquitetura do museu, se utilizando disso para a setorização do museu, criando galerias de formas clássicas e puras e outras de formas jamais vistas até então pelo homem. No conjunto todo, o desenho cria uma estrutura singular, que se destaca de forma escultórica no pano de fundo da cidade sem agredir seu skyline.
É claro que este não é o único exemplo de como a arquitetura pode chegar a formas tridimensionais de extrema complexidade , mas é um dos melhores exemplos principalmente por haver na construção a contraposição dos dois espaços, puros e complexos, mostrando que mesmo sendo antagônicos eles podem estar inter-relacionados em total harmonia.
Mas é sempre necessário perceber os impactos que espaços desse tipo podem causar, sejam eles no desenho urbano, no desenho da estrutura da edificação e principalmente em sua influência nas sensações e no comportamento do ser humano.
5 – Espaço Simples x Espaço Complexo
Depois de vermos até onde o homem chegou com a complexidade das formas tridimensionais que ele habita, é muito interessante fazer-se uma comparação entre os espaços de formas puras e complexas. É importante salientar que neste capítulo não se visa determinar qual a melhor forma espacial, mas sim mostrar suas diferenças, que a riqueza deles está diretamente relacionada a essa diferenças, e se não existissem os dois provavelmente suas qualidades não se exaltariam tanto.
O espaço puro, tem como suas principais características, dimensões perfeitas ou áureas, onde se busca o equilíbrio perfeito entre as três dimensões, com um desenho puro, intacto, limpo que busca somente o essencial. A busca da perfeição do desenho visa principalmente criar um espaço perfeito para o ser humano sendo este do ponto de vista ergonômico como sensitivo.
Alguns exemplos em que se pode observar bem essas características são o Info Box localizado em Berlim, projetado por Schneider+Schumacher (arquitetos alemães associados) (fig. 31) onde sua forma em paralelepípedo ressalta a pureza tridimensional do objeto.
Outro bom exemplo é a Biblioteca Nacional da França em Paris projetada por Dominique Perrault onde o projeto se compõe de quatro volumes em forma de “L” que se espelham em cada canto do terreno. Sua pureza é sua principal característica e traz a total harmonia e rigidez do desenho se destacando das formas irregulares comum a natureza. É claro que existem muitos outros bons exemplos em que se pode notar as qualidades de um espaço tridimensional de formas puras.
Geralmente essas formas partem das relações de medidas referentes ao corpo humano, as relações áureas, e partem delas justamente com intuito de se criar um espaço proporcional ao homem e dessa forma um espaço que tenha um equilíbrio com o ser humano, criando um espaço confortável e adaptado para ele, ressaltando sempre a pureza da geometria como qualidade extrema.
No entanto essa pureza e equilíbrio tanto almejado pelo ser humano, trouxe uma nova característica um tanto incômoda as sensações humanas, a monotonia. Assim mais uma vez o homem buscou uma nova solução, muito procurada na arquitetura contemporânea. Os arquitetos buscaram uma fuga para aquela monotonia e rigidez tão incômoda da geometria pura. Buscou-se novas formas procedentes de outros objetos como navios, aviões, formas da natureza e até da matemática através de fórmulas como a do caos onde se chega aos fractais.
Para exemplificar melhor estes conceitos voltará-se novamente para os projetos do arquiteto Frank O. Gehry
Nesses projetos que podem ser qualificados como os mais complexos já concebidos e construídos pelo ser humano, vê-se como a complexidade da forma a enriquece quebrando a rigidez monótona característica das formas geométricas puras. Essa complexidade talvez seja nada mais nada menos, do que um reflexo da própria complexidade psicológica do ser humano.
Os espaços complexos mostram a riqueza de se estar em um espaço onde em cada local se tem uma perspectiva completamente nova do mesmo, e onde toda vez em que se experimentar este ambiente, as pessoas sentirão uma nova sensação e verão de uma diferente maneira um mesmo local, quebrando a monotonia da geometria pura onde se tem um ambiente muito mais estático.
Pode-se perceber que a pureza e rigidez também é necessária ao homem. Sendo assim, seria interessante aos arquitetos buscarem o equilíbrio entre as duas formas de tri dimensionalização algo que talvez seja a busca consciente ou inconsciente de Frank O. Gehry em seus últimos projetos.
6 – A Influência dos Espaços no Ser Humano
O objetivo deste capítulo é mostrar através de quais aspectos o ambiente arquitetônico influencia o ser humano, no seu comportamento e em suas sensações. Assim mostrando quais aspectos devem ser considerados pelos arquitetos na concepção de um projeto, que irão influenciar o comportamento do ser humano em relação a ele.
Em primeiro lugar deve-se notar que o homem difere em relação aos outros animais na forma em que reage ao ambiente. Segundo (CANTER, 1974), é fácil notar que um animal tem certas reações de acordo com o ambiente, se o espaço é alterado de alguma forma você provocará uma reação deste animal.
No entanto, para o ser humano isto não é aplicável, já que o homem não reage a um ambiente mas sim interage com ele, e se o ambiente não o satisfizer, ele tentará transformá-lo. Portanto deve-se levar em consideração quais aspectos em uma edificação que influenciam as pessoas.
De acordo com (CANTER, 1974) se baseando em pesquisas por ele desenvolvidas, determinados aspectos de uma construção, irão favorecer certos tipos de comportamento por parte das pessoas, que se utilizarão do edifício.Por exemplo, se pessoas em escritórios, de diferentes setores de trabalho, compartilham entradas, banheiros, e salas de lazer elas desenvolverão uma maior relação social entre setores da empresa, do que em empresas com uma separação total de seus funcionários.
Outro aspecto interessante sobre um edifício e sua inter-relação com a sociedade é sua diferente utilização pela população. Por exemplo em um edifício comercial, haverá diferentes grupos de pessoas que utilizarão o prédio de diferentes maneiras. Alguns, irão trabalhar diariamente no edifício, outras utilizarão o edifício eventualmente, trabalhando para quem está lá sediado. Haverá ainda outros em que a frente do prédio será um ponto de encontro, e existirão aqueles, para os quais o edifício será apenas um marco de referência da paisagem. Sendo assim fica fácil de se perceber como um edifício tem diferentes formas de utilização pelo homem, e diferentes influências sobre ele.
Uma das grandes influências sobre as quais foram feitas pesquisas, foi a da espacialização de um ambiente e sua influência sobre o comportamento social das pessoas. Ou seja, como um grupo de pessoas se relaciona em um ambiente grande e comum a todos, e em ambientes menores e segmentados nos quais as pessoas se relacionam em pequenos grupos.
O resultado desse estudo trouxe as seguintes conclusões segundo (GUTMAN, 1972):
De acordo com as pesquisas, pessoas que se relacionam em espaços menores tendem a se relacionar com um grupo de pessoas menores, como o grupo de sua própria sala ou salas adjacentes a sua. No entanto seus vínculos sociais com essas pessoas, se tornam mais estreitos formando grupos de trabalho muito bons, mas a relação inter setorial (dentro de uma empresa), não é tão grande como em grandes ambientes comuns.
Neste último caso, as pessoas adquirem uma maior gama de relações sociais com diversas pessoas que não trabalham necessariamente próximas, no entanto essa relações não são tão fortes como em ambientes menores. Mesmo assim as relações entre setores ou departamentos se tornam mais eficientes. Isto é um exemplo de como a arquitetura pode influenciar o comportamento das pessoas, e como isso deve ser considerado pelo arquiteto na hora em que ele está concebendo o projeto para atender os requisitos almejados pelo cliente ou pelo programa(escritórios, museu, escola, habitação e etc…) ou até pelo próprio arquiteto, querendo criar ambientes que favoreçam a relação social ou não.
Que fique claro que esta idéia não é de que a arquitetura deve dizer como as pessoas devem se comportar, mesmo porque as pessoas ao longo do tempo alteram seu comportamento, mas sim de que a arquitetura de certas formas influencia o comportamento do ser humano, e isso não deve ser ignorado pelos arquitetos.
Após notar-se certos aspectos psicológicos relacionados a arquitetura, e suas influências no comportamento humano, verá-se agora sua influência na percepção do homem, de um ponto de vista arquitetônico é mais importante a ser considerado, visto que como arte perceptiva, estes aspectos se tornam ainda mais fundamentais no processo de concepção arquitetônica.
“Se pudermos entender a natureza do que vemos e a maneira que a percebemos, então saberemos mais sobre a influência do design humano sobre as sensações e pensamentos humanos.” (GROPIUS apud LANG, 1972, p.98).
Esta frase de Walter Gropius, define bem a influência das percepções humanas sobre as produções artísticas humanas no caso a arquitetura. Essa forma de Gropius encarar as percepções e suas relações com a criação humana, derivam da Gestalt psicológica que foi muito utilizada pela Bauhaus. Assim será citado alguns aspectos a serem considerados na percepção do homem.
Como pessoas diferentes percebem diferentes coisas em um ambiente, e isto se deve as suas próprias experiências de vida, educacional e seus propósitos. Logo certas coisa em um ambiente de vital importância para um indivíduo pode simplesmente passar desapercebidas para outra pessoa. As percepções humanas se baseiam em estéticas formais como proporções, ritmos, repetições, etc., ou percepções simbólicas como honesto, moderno, bom, pagão e etc.
Assim como o arquiteto deve estar direcionado a compor em seus projetos lay-outs e não formas, compondo várias formas perceptuais ao homem, e dando dinamismo a percepção e não deixando-a simplesmente estática. Segundo (LANG, 1972)é interessante notar como o próprio movimento já altera o ambiente, dando-lhe um ritmo que para o homem é uma sensação fundamental pois ele é dinâmico e vive em mundo dinâmico em constante mudança. Criar um ambiente estático sem dúvida não é tão agradável as pessoas como um ambiente em que se percebe uma maior dinâmica. É fundamental para o arquiteto, entender que a percepção visual das pessoas não se dá pelas formas elementares, mas sim em diferenças variadas nas suas qualidades, dimensões e características.
O princípio da percepção espacial e de espaços geométricos tridimensionais, se dá pelo reconhecimento que uma superfície pode ou não esconder outra superfície, e considerá-la como a unidade básica de uma ambiente, assim como um ponto é a unidade básica no espaço bidimensional.
Partindo deste princípio a próxima etapa é reconhecer a textura das superfícies como uma espécie de estrutura fina, que indicará o caráter físico do material. O contorno das superfícies também deve ser reconhecido como caracterizador do ambiente. Se ele é uma abrupta mudança de pigmentação, isso se tornará o limite da superfície, se for um leve dégradé, se tornará uma sombra indicando a forma da superfície. Portanto, o arquiteto deve levar em consideração aspectos como estes citados que caracterizam uma forma geométrica e não a forma elementar. Pois a percepção humana está muito mais tenta a estas variáveis da geometria do que a sua pura forma elementar ou “matemática”.
E de acordo com (LANG, 1972) se a arquitetura levar estes aspectos perceptuais em maior consideração, deixará de ter críticas como uma, muito comum, de que um edifício se parece melhor no papel do que na vida real. Desse modo percebe-se que qualquer teoria de arquitetura, deve lidar com aspectos formais, comportamentais, como visto anteriormente, e simbólicos.
Para se estudar a percepção simbólica das pessoas na arquitetura, primeiramente deve-se tomar algumas considerações importantes segundo (LEVI, 1972), como a de que as pessoas têm em mente qualidades expressivas que elas atribuem a tudo que percebem em seu entorno.
Essas qualidades expressivas, são a reunião de percepções visuais, sua organização e reconhecimento de uma qualidade referente a esses dados perceptivos interpretados pela mente, de acordo com seu conhecimento e experiência acumulados. Algo como ver uma pessoa andando na rua devagar, com ombros caídos e cabeça baixa, e dizer que ela está deprimida. Essa qualidade expressiva esta também presente na arquitetura.
Um bom exemplo disso pode ser dado através do dinamismo expresso em certas formas geométricas. Como mostra (LEVI, 1972) observando um semicírculo e uma parábola, dá para se ter uma noção dessa qualidade expressiva presente nas formas geométricas. Um semicírculo tem uma característica mais estática, quando se olha uma cúpula semicircular ela não passa uma idéia de movimento, mas sim uma sensação mais parada, de repouso. Talvez porque todos os pontos que a compõe são eqüidistantes a um mesmo centro. Já uma parábola ou uma cúpula parabólica (como o coroamento do Chrysler Building fig.12)nos dá uma sensação maior de movimento, de dinâmica e direcionamento; seus pontos obedecem uma equação e não são equidistantes e criam uma tensão em sua geometria que como o exemplo do homem deprimido, ela nos dá uma sensação de movimento, como qualidade expressiva.
Volumetrias puras, como um paralelepípedo podem ter diversas qualidades expressivas de acordo com as texturas que lhe são aplicadas. Se colocarmos uma textura áspera, uniforme com aspecto de pedra, o paralelepípedo ganhará uma qualidade expressiva de um edifício imponente, sombrio, duro, medieval e etc. No entanto se aplicarmos nele texturas transparentes como vidro, ele ganhará leveza e passará a ser um volume sem solidez, mais leve, um tanto estéril.
Outro fator determinante das qualidades expressivas de um edifício, são seus contornos, que irão definir sua geometria destacando-a e adicionando qualidades geradas pela sua forma. Como em um edifício, ao se destacar seus contornos mostrando uma geometria de ângulos agudos, o prédio obterá qualidades expressivas como um prédio espinhoso, onde as pessoas sentirão um pouco de aversão de se aproximar, que dependendo da função do edifício, pode vir a ser vantajoso ou não.
Outra colocação da percepção da arquitetura pelo ser humano, mostra como nem sempre a Gestalt se aplica corretamente a percepção do espaço arquitetônico.
É fácil notar por exemplo, no Museu Guggenheim de Bilbao quando se tem uma vista perto do museu, sua qualidade expressiva é uma, algo como formas extremamente dinâmicas, mas quando se tem uma visão do projeto inserido em seu contexto urbano, sua qualidade expressiva muda, tornando-se algo como uma espécie de prolongamento do rio, como algo que surge dele, sendo completamente diferente da primeira sensação.
Desse modo é de grande importância o arquiteto levar em conta a qualidade expressiva por ele impressa em suas obras, pois ela influencia o comportamento das pessoas em relação à edificação, e isso pode ser um aliado do arquiteto, ou se não levado em consideração, tornar-se uma armadilha. De acordo com a conclusão de (LEVI, 1972) um arquiteto é guiado com muito cuidado pelas suas próprias experiências com as formas, e as qualidades expressivas, dessas formas, irão sem dúvida influenciar o resultado de sua criação.
A arquitetura deve responder a vários requerimentos necessários a sua realização. Estes vão de técnicas construtivas, materiais, local, orçamento, à exigências funcionais, como a utilização do edifício e etc. Mas não se pode tomar estes requerimentos como os únicos necessários para o desenho de um projeto.
É necessária a consciência do arquiteto de se aproveitar das qualidades expressivas que seu edifício irá ter inevitavelmente. Ele pode tirar proveito disso, na concepção do projeto melhorando a qualidade de sua produção arquitetônica. Ele deve considerar além desse aspecto simbólico da qualidade expressiva, outros aspectos; como formais, que através das sensações passadas pelo ritmo, texturas e sensações visuais aplicadas a geometria geram uma maior percepção do que se pretende destacar na arquitetura, e também deve levar em consideração as diferentes representações de um objeto arquitetônico para diferentes pessoas que não tem relações semelhantes com um mesmo edifício; e por último como o espaço criado e habitado pode influenciar nas relações sociais da pessoas. Portanto se o arquiteto deixa de considerar estas influências presentes na arquitetura, estará revogando à sua produção, qualidades fundamentais.
O levantamento desses aspectos espera esclarecer como edifícios de geometria pura e extremamente complexas acabam influenciando o homem, e que mesmo dois edifícios de geometrias completamente diferentes, podem de acordo com suas texturas, sua contextualização com o entorno, e seus espaços internos, acabar expressando qualidades e sensações semelhantes ao ser humano. Mostrando que a arquitetura não é simplesmente sua pura forma geométrica, mas uma grande composição dos mais variados tipos de expressão, sejam eles funcionais, formais, simbólicos, espaciais, psicológicos, técnicos ou sensoriais.
7 – Exemplificação entre volumetrias simples e complexas
Neste capítulo, verá-se exemplos diretos de projetos que trazem alguma característica citada anteriormente, sobre o desenvolvimento da arquitetura com estruturas metálicas. Esses projetos também pretendem mostrar uma visão sobre o desenvolvimento destes tipos de projetos aqui no Brasil e no exterior.
Começando pelos projetos nacionais mais recentes, têm-se primeiro três projetos realizados no ano de 1992, dois em São Paulo e um em Barueri (Alphaville).
Eles são respectivamente:
• Centro Empresarial do Aço, projetado por Botti e Rubin
• Instituto Cultural Itaú, de Ernest Robert, Wladimir Tadeu e Ricardo Belpiede
• Edifício Alfacon, projetado por Luís Fernando Rocco
Com eles chega–se a uma expressão mais recente da arquitetura do aço no Brasil após alguns anos de poucos projetos decorrente de crises econômicas passadas. Neles se vêem a valorização de uma arquitetura limpa, de formas geométricas puras, influência modernista, mas com uma nova leitura mas contemporânea.
Os projetos demonstram um maior domínio da tecnologia da estrutura metálica trazendo um maior aproveitamento das qualidades do aço, mostrando que seus projetos, da forma em que se desenvolveram, têm por trás do seu conceito a idéia de se utilizar a estrutura metálica aproveitando seus recursos e suas vantagens e tirando partido da estrutura, que ganha grandes vãos e maior esbelteza.
Segundo (DIAS, 1993) os projetos mais recentes feitos no Brasil, mostram que cada vez mais os arquitetos brasileiros, ganham uma consciência e um conhecimento maior sobre a estrutura metálica, e um grande reflexo disso, está nesses projetos mais recentes, onde se pode ver claramente a adoção da estrutura metálica por parte dos arquitetos como forma de partido arquitetônico, onde se têm uma linguagem com características próprias que a diferem contextualmente da estrutura em concreto, tornando a estrutura metálica um partido arquitetônico de características únicas se diferenciando e destacando das demais.
Outras obras não tão recentes, mas de importante significado para as obras aqui realizadas, e que igualmenterefletem essas características próprias que a estrutura metálica veio a adquirir aqui no Brasil são:
- Edifício sede da Itaqui, projetado em 1985 por Aurélio Martinez Fores;
- Estação de Trens Largo 13 de Maio, projetada por João Walter Toscano em 1986 .
No edifício da Itaqui, sua volumetria é a de um paralelepípedo puro, sendo ele todo revestido por um pele de vidro e apoiado apenas em pilares enormes, seu centro, deixando o térreo livre de pilares em canto e soltando o paralelepípedo de forma muito sutil, dando ao conjunto extrema leveza. Sua dupla pele de vidro nas fachadas, soltas por uma distância de cerca de cinco metros entre elas, cria um jardim interno e com isso se obtém uma proteção solar maior das salas, mantendo o aspecto limpo de sua forma geométrica.
Já na estação do Largo 13 de Maio, a adoção da estrutura metálica veio junto com o próprio trem e com a linguagem ferroviária e de suas estações. O arquiteto cria elementos estruturais que se repetem ao longo da implantação da estação se adaptando a curva da linha e voltando ao conceito pele, que se adapta em vários perfis moldando um único conjunto, como na construção do casco de um navio ou a fuselagem de um avião.
Embora não tão desenvolvido, nem com toda tecnologia presente na Waterloo Station, a sua idéia conceitual é a mesma, o que torna essa comparação um bom exemplo de como o desenvolvimento de um conceito inicial e sua tradução para o edifício físico é importante, podendo-se diferenciar demonstrando mais claramente o conceito do projeto.
Como exemplos mais recentes da arquitetura metálica nacional, temos as novas estações da linha de trens metropolitanos da cidade de São Paulo, que mantêm o partido de estruturas metálicas em suas estações, entre elas pode se observar a nova estação sobre o rio Pinheiros, que se conectará a Estação Largo 13 de Maio, e a Estação Berrini projetada por Luiz Carlos Esteves, que corresponde a uma parcela de uma série de estações ao longo do rio Pinheiros, que possuem projetos que têm um partido único e comum, se diferenciando apenas por sua adaptação ao local implantado .
Estação Largo 13 de Maio
Nestes exemplos, pode-se notar cada vez mais, a utilização da estrutura metálica como um próprio partido do projeto, adotando-se uma linguagem totalmente característica ao tipo de estrutura utilizado. Cada vez mais é notório o aproveitamento das qualidades oferecidas pelo material através do próprio desenvolvimento do projeto, e em suas soluções construtivas.
Estação Berrini
É interessante notar nesses projetos, como é utilizada a leveza da estrutura em prol de sua arquitetura, a adoção de grandes vãos, com escadas suspensas por tirantes, passarelas de conexão de perfis formando novamente o processo de montagem de navios e aviões, sua contraposição ao volume puro do paralelepípedo onde se dá o acesso a estação, que ganha leveza com sua leve estrutura branca e seus panos de vedação hora cegos com pastilhas, hora transparentes com vidros.
É de se perceber também que um mesmo volume com estrutura em concreto não teria a mesma leveza como este. A plataforma dos trens traz uma cobertura em forma elíptica na secção, que também é de uma grande leveza tendo como objetivo não interferir na paisagem do rio. A estação sobre o rio traz uma releitura das pontes de Calatrava, principalmente no aspecto de sua solução estrutural, que se aproveita das vantagens da estrutura metálica no desenho da ponte, deixando influenciar-se pela estrutura no desenho do projeto.
É interessante perceber que está se aprendendo muito com a arquitetura internacional, e com a globalização de hoje, os arquitetos buscam alcançar o nível de desenvolvimento já conquistado pelos profissionais do mundo afora. Como o mais recente dos projetos já construídos por aqui será citado o projeto do Centro Administrativo Pfizer, projetado por Paulo de Gaspari-López em 1999, situado em São Paulo.
Neste último projeto, além da grande influência internacional, fica também evidente o desenho de uma estrutura um pouco mais complexa, com as fachadas soltas do corpo principal. Elas têm o formato de uma curva muito suave, espelhada compondo a secção de uma asa mostrando um maior desenvolvimento por parte da siderurgia nacional, e oferecendo aos projetistas a vantagem de começar a utilizar geometrias mais complexas podendo ir além das formas simples e puras.
Segundo (ARC DESIGN, 1999) todo o projeto no geral se utiliza muito das vantagens oferecidas pela espécie de estrutura adotada, a sobreposição de fachadas com um jogo de aberturas e panos lisos de vidro, compõe uma forma de transparência controlada, hora maior, hora menor, mas nunca opaco, o prédio perde sua solidez tornando-se mais transparente e muito agradável ao espectador que por ele passa em seu caminho.
A seguir será mostrado exemplos do avanço da estrutura metálica no mundo, e sua respectiva influência no desenho arquitetônico:
Primeiro, obras que trazem um desenho com formas tridimensionais mais limpas e puras e, posteriormente, as que buscaram uma geometria mais complexa, mas no geral todas buscam uma grande leveza e um design mais contemporâneo possível, que por sua vez é muito atrelado a tecnologia, que está presente na arquitetura principalmente na sua estrutura.
Como primeiro exemplo e muito peculiar, vê-se o projeto para a Embaixada da Finlândia nos Estados Unidos, desenhado pelos arquitetos finlandeses Heikkinen-Komonen em 1994, localizada em Washington, capital federal. Sua interessante característica é a da contraposição do espaço simples com o espaço complexo, como se vê nas figuras a seguir.
Embaixada da Finlândia
Por fora novamente a figura geométrica de linhas puras e limpas do paralelepípedo, e por dentro a composição de um espaço muito mais complexo.
“O vestíbulo central, iluminado à luz do dia, atravessa o edifício longitudinalmente, permitindo que os escritórios também recebam luz. As pontes, as rampas e a escada de aço criam uma complexidade que nada faz prever no exterior cúbico de edifício,…” (JODIDIO, 1996, p. 104).
No projeto os arquitetos se aproveitaram da antagonização entre o simples e complexo e colocaram um dentro do outro, dando destaque as suas diferenças, e seus diferentes impactos sobre as sensações causadas no ser humano. O aproveitamento da liberdade dada pela estrutura metálica nas escadas e rampas, conferiu uma espacialização complexa ao interior do edifício, um ambiente totalmente adverso a sua caracterização externa.
O partido adotado pelos arquitetos sempre mostra a utilização da idéia da estrutura metálica desde os seus fundamentos, e dessa forma as soluções finais adotadas mostram sempre características próprias da estrutura metálica.
Outro projeto muito interessante, é o edifício que abriga a Corte Européia dos Direitos Humanos, projetado por Richard Rogers em 1995, localizado em Strasbourg na França (fig. 43).
Este edifício se compõe de três cilindros de diferentes alturas que se sobrepõem e um volume longilíneo que segue a curva do rio Ill que corre ao seu lado. Neste projeto as volumetrias puras dos cilindros se compõem em uma forma mais complexa formando volumes inter-seccionados que formam em sua totalidade uma forma com uma maior complexidade. O próprio revestimento dos cilindros, dois metálicos e um transparente também integram a composição maior em busca de uma geometria mais complexa e mais rica.
O projeto a seguir, mostra mais ainda a composição de objetos de geometria pura que se entrelaçam e se interseccionam buscando um conjunto em composição, que forma na arquitetura total do edifício uma composição geométrica mais complexa, buscando para a arquitetura um desenho mais complexo, mais dinâmico, mais contemporâneo e baseado principalmente na tecnologia nele empregada.
Se trata do Liceu Julio Verne projetado pelo escritório francês Architecture Studio em 1993 e localizado em Cergy-le-Haut na França. Neste projeto a inter-relação entre formas cilíndricas, triangulares e retangulares cria um conjunto que traz extremo dinamismo. Segundo os arquitetos traz uma grande referência aos trens de alta velocidade franceses TGV [4], mais uma vez a conexão da arquitetura à alta tecnologia e seu design sempre aerodinâmico e contemporâneo.
“O edifício cilíndrico, inscrito na parte principal do triângulo, encerra as salas do pessoal, e uma série de pontes reúne as diferentes zonas da estrutura, o que inclui um espaço de estacionamento com 78 lugares. Tão aerodinâmico na planta como na secção, o Liceu…” (JODIDIO, 1994, p. 65).
Este edifício, mostra bem a passagem do pensamento dos arquitetos de adotar uma composição de volumes inter-relacionados, ao invés de um único volume predominante. Também mostra a tentativa de se atrelar à alta tecnologia, a arquitetura do edifício, buscando inspirações para o projeto em desenhos aerodinâmicos como no caso dos trens de alta tecnologia.
O próprio escritório dos arquitetos, que se consideram futuristas, mostram que as tendências da arquitetura contemporânea é a busca da tecnologia, através de sua estrutura que deve compor uma geometria de desenho complexo, que só se realiza graças a alta tecnologia e aos cálculos de computadores.
Os próximos exemplos a serem citados, são muito interessantes por utilizarem como estrutura somente cabos de aço, sem vigas e pilares de perfis tradicionais (H, L, I etc..).
Eles são:
• Centro Olímpico de Munique, projetado por Günter Behnisch em 1972 na Alemanha
• Torre de Refrigeração, projetada por Balcke-Dürr em 1974 localizado em Dortmund na Alemanha
• Cobertura do Museu de História de Hamburgo, projetada por Volkwin Marg em 1980 na Alemanha
Nestes projetos, nos quais podemos ver um grau de desenvolvimento no decorrer cronológico entre eles no aspecto tecnológico de sua estrutura, vê se a criação de estruturas a partir apenas de malhas de cabo de aço, que esticadas criam superfícies rígidas que vencem grandes vãos se moldando a qualquer forma, dando muita liberdade plástica para os arquitetos. Sua leveza, está próxima das estruturas mais leves já criadas pelo ser humano.
Centro Olímpico de Munique
Como um dos primeiros projetos a utilizar essa tecnologia, está o centro olímpico de Munique, onde se criou uma grande malha em cabo de aço, que foi erguida através de alguns pilares, que têm como principal função esticar esta malha e dessa forma dar-lhe rigidez e resistência suficientes para vencer os grandes vãos cumprindo sua função de cobertura.
Ao desenvolver essa obra, os engenheiros adquiriram grandes conhecimentos sobre essa tecnologia, e a desenvolveram em outros projetos, como a torre de refrigeração e a cobertura do Museu.
De acordo com (HOLGATE, 1997) as novas tecnologias trazem amplos e novos horizontes aos arquitetos e projetistas de nossa época, visto que a tecnologia evolui muito rapidamente hoje em dia, e algo como estruturas feitas a partir de malhas de cabo de aço com certeza dão muita liberdade plástica e muita leveza; contribuições muito importante para a arquitetura contemporânea, principalmente nas caracterizações de seus partidos e de sua existência refletindo sua época e seu tempo.
A torre de refrigeração, que seguia o desenho das torres em concreto protendido, as quais tinham uma geometria complexa semelhante a um vaso, eram de difícil execução e de alto custo. A nova torre feita com uma malha revestida, além de manter a mesma volumetria, era de custo menor, execução mais rápida e mais simples, mostrando assim uma nova face da estrutura metálica e abrindo um novo caminho a se explorar pelos arquitetos.
torre durante construção vista da torre de refrigeração
A cobertura do Museu de Hamburgo que traz essa tecnologia ainda mais desenvolvida, mostra como pode-se criar uma forma tridimensional totalmente orgânica e abstrata, que se adapta perfeitamente a um local criado à mais de 200 anos atrás. Em seu aspecto conceitual, o projeto mostra como a inter-relação de estilos arquitetônicos completamente diferentes pode ser benéfica.
O que a princípio poderia se ver como a destruição de uma arquitetura de caráter histórico, que deveria permanecer intacta, se mostra na verdade benéfico trazendo uma nova leitura ao edifício e mostrando que o grande contraste pode destacar aquela arquitetura secular ao invés de destruí-la.
O próximo exemplo é de uma cobertura projetada por H. Gaupp para uma antiga Estação de Trem em Ulm na Alemanha. Se trata uma das coberturas mais leves já desenhadas pelo homem. Nesta cobertura que tem uma espessura mínima, fica claro como a tecnologia aliada ao desenho arquitetônico, formam juntos uma nova arquitetura que é um bom retrato da época que vivenciamos.
Liberdade estrutural, leveza, abstração, transparência, desenho trabalhado aliado a tecnologia e aos conhecimentos científicos, a releitura de outras formas tecnológicas tão famosas hoje em dia, como aviões, carros, trens e navios caracterizam a arquitetura contemporânea; e a estrutura metálica presente em todas essas tecnologias, ganha um espaço precioso na arquitetura, pois ela traz os conhecimentos mais avançados do ser humano em sistemas estruturais.
O próximo projeto traz uma característica muito interessante. Por se tratar de uma torre erguida como atração para uma grande feira de exposições, ela deveria funcionar como um grande marco de identificação.
Projetada também por Volkwin Marg, foi construída em 1994 e fica localizada em Lepzig na Alemanha. Nesta torre, o arquiteto se utilizou do mesmo princípio de um mastro de veleiro, onde sua rigidez é dada não pelo próprio mastro, mas pelos cabos que o tensionam saindo de sua ponta, passando pelas cruzetas (espécie de braços que saem do corpo do mastro em determinados pontos de acordo com a rigidez exigida para o mastro) e terminam fixadas no próprio casco da embarcação.
De acordo com HOLGATE, (1997) a idéia de utilizar uma sistema estrutural semelhante ao de um mastro, conferiu a torre uma esbelteza muito bela, fazendo com que ela adquirisse as características almejadas de ser um símbolo atrativo a grande Feira.
Outra obra que mostra a qualidade da estrutura metálica em vencer grandes vãos e ainda criar um belo desenho de curvas, é a Fábrica da L’Oreal em Paris, projetada por Valode e Pistre em 1991.
Sua cobertura que precisava vencer grandes vãos sem pilares, e ainda trazia uma desenho de curvas nada simples, com certeza demonstra como a estrutura metálica respondeu muito bem a complexa forma desenvolvida pelo arquiteto.
“Devido à complexidade da curvatura, a armação de pirâmides invertidas, concebida por Rice para apoiar o telhado, teve de ser planeada para receber e concentrar forças aplicadas segundo 14 eixos diferentes, tarefa que não se podia cumprir sem a ajuda de computadores.” (JODIDIO, 1994, p.164).
Por último, finalizando este capítulo, têm se o projeto para o Hall 26 da Expo Hannover 2000, projetado por Thomas Herzog.
Neste projeto mais uma vez se destaca a capacidade da estrutura em vencer grandes vãos necessários ao hall, sua leveza não deixando a cobertura pesada, além da grande transparência que garante muita iluminação ao seu interior, mantendo uma espessura fina e criando uma volumetria complexa, com arcos inter-relacionados a um volume mais puro demarcado pela planta, e quebrado pela curva presente na cobertura em corte.
Após se analisar todos esses projetos, creio que fica bem evidente como a estrutura metálica e seus avanços tecnológicos influenciaram a concepção de projetos pelos arquitetos, e como as volumetrias dos edifícios foram aos poucos ganhando complexidade e muita riqueza em sua forma geométrica, partindo de um elemento geométrico simples e único, para a inter-relação entre vários elementos distintos até se chegar à geometrias extremamente complexas.
A atrelação do design à tecnologia também influenciou a forma do desenho arquitetônico, que buscou materiais mais tecnológicos e encontrou na estrutura metálica uma boa resposta para essa necessidade, da nossa sociedade contemporânea e tecnocrata, mostrando mais que tudo, que a arquitetura como toda a arte, é um grande retrato temporal de uma época, de pensamentos e de ideais almejados pelo homem.
8 – Conclusão
Hoje em dia cada vez mais se vê pelo mundo novas formas e conceitos da utilização da estrutura metálica na construção civil. A arquitetura das novas edificações ganham cada vez mais liberdade para sua criação, e sua conseqüente volumetria, chegando cada vez mais a formas jamais imaginadas em saírem do papel.
Essa liberdade formal, é que permite praticamente qualquer desenho ser transformado em algo concreto. Existe também o ganho da liberdade “gravitacional” ou seja, devido as excelentes propriedades física da estrutura metálica que, a cada momento que se passa, adquire melhores qualidades graças ao contínuo desenvolvimento tecnológico da nossa sociedade.
As estruturas tornam-se cada vez mais leves e esbeltas dando aos arquitetos, a possibilidade de criar edificações que praticamente flutuam e não tocam o solo, ou melhor, tocam em poucos pontos e de forma mínima e leve.
Essas características que são as principais vantagens da estrutura metálica sobre o concreto, estão trazendo uma revolução para a arquitetura de uma forma jamais imaginada, mesmo este tipo de estrutura já tendo sido utilizado por um bom tempo, não esgotou suas possibilidades formais, mas pelo contrário, o que se vê hoje em dia construído nas diversas formas é somente uma pequena mostra do que ainda está por ser feito.
No entanto, enquanto se vê essa perspectiva infinita de poder de criação para arquitetura logo outra pergunta vêm em mente. Não deve haver um limite? E a resposta mais provável para isso é sim, há um limite já que tudo tem um limite inclusive o universo, e essa forma de estrutura definidamente tem um limite muito mais próximo do pensamento humano do que os confins do universo. Portanto pode-se ser bem mais realistas e tentar enxergar os limites físicos que hoje as estruturas metálicas chegam, e a partir daí utilizar seu potencial máximo do presente servindo de lição para gerações futuras, que com novas tecnologias, verão o que foi feito no presente como uma lição, uma base para chegarem a novas idéias e soluções arquitetônicas, assim como se faz hoje, olhando para o que foi feito no passado filtrando o que foi uma boa solução ou não.
Para se definir melhor o passado, presente e futuro nesta conclusão, é preciso entendê-los da seguinte maneira:
• passado: o que já está construído fisicamente, mesmo que signifique algo recém inaugurado. Partindo desse ponto de vista pode-se estudar e dissecar tudo que existe ao nosso redor da melhor forma analítica para a arquitetura, desde sua concepção, partido, soluções estrutural e espacial.
• presente: o que ainda não foi construído, mas está concebido. Ou seja não tem soluções finalizadas fisicamente, mas sua parte conceitual já está toda feita e projetada seja ela conceitual, espacial ou estrutural, não estando apenas realizada. Mesmo que essa idéia esteja apenas em um croquis, ou em desenhos executivos, ou apenas na cabeça do arquiteto não importa, ela já está concebida e de idéia inicial para desenhos executivos, o processo é o desenvolvimento, a lapidação dessa idéia para que no final, na hora de sua execução, ela fique igual ao conceito inicial ou até melhor, mas nunca deteriorando ou se desprendendo de sua idéia matriz; o que se vê acontecer muito por aí, boas idéias que os arquitetos não conseguem mantê-la ou melhorá-la seja quais forem os fatores prejudicantes. Com certeza é algo que todo arquiteto deve tentar dominar.
• futuro: o que ainda não foi concebido ou pensado. É algo tão nebuloso e difícil de se enxergar quanto sua definição anterior, o futuro é aquilo que pode-se apenas divagar sobre, percebê-lo como uma penumbra.
Com essas definições em mente, pode-se mostrar a que objetivo pretende-se chegar. Mostrar o que já foi feito em estrutura metálica pelo Brasil e pelo mundo, observando principalmente as características de concepção, partido, forma espacial, sua solução estrutural e sua relação direta com seu meio.
Com isso é possível encarar o limite onde um arquiteto poderá chegar seja ele físico, ou matemático, ou quem sabe; o limite não seja o próprio arquiteto. Talvez ele tenha um limite para utilizar certos tipos de espaços. Olhar para o passado e ver qual limite o ser humano chegou, e quebrou e qual esbarrou novamente e assim por diante chegando ao seu último limite, o atual.
O porquê de viver em um espaço de formas puras ou complexas, quais são suas diferenças, o que influenciam em uma pessoa, suas percepções, seus sentimentos, suas ações. Quais conceitos existem por trás do elemento geométrico puro; a tentativa do ser humano de tornar tudo sua realidade perfeita, equilibrada, em harmonia. Para isso o homem busca um perfeccionismo exacerbado, tentando racionalizar o próprio caos e o acaso, anulando quaisquer imperfeições, ou desequilíbrio, seja ele grotesco ou sutil. Será que o disforme e o desequilíbrio não fazem parte da existência humana, logo de sua almejada perfeição em tudo, e nesse ponto isso se torne uma espécie de círculo vicioso onde a busca da perfeição, quando é atingida, não é perfeita, pois o perfeito humano não permite desequilíbrios, mas somente o equilíbrio indica a ausência de qualquer desequilíbrio mostrando que este perfeito equilíbrio humano está em desequilíbrio, portanto não é perfeito. Algo semelhante ao conceito da física quântica, onde se admite nunca ter certeza sobre a exata posição de um elétron em órbita em um átomo, mas apenas ter a certeza que ele está lá.
Portanto, mesmo que o ser humano nunca entenda o futuro, isto não será um limite para a arquitetura, pois para ela, o que lhe traz novos conhecimentos é o passado e o presente. Como um certo arquiteto disse em uma entrevista à uma revista:
“Ou, em outros termos: tenho convicção de que o território em que trabalha o arquiteto é o da memória. Não é o do futuro.” (Mario Botta)
9 – Bibliografia
Livros:
- Dias, Luís Andrade de Mattos: Edificações de Aço no Brasil. Zigurale. Brasil, 1993
- Powell, Kenneth: Structure, Space and Skin. Phaidon. Inglaterra, 1993
- Jodidio, Philip: Contemporary European Architects vol.IV. Taschen. Alemanha, 1996
- Holgate, Alan: The art of Structural Engineering. Axel Menges, Alemanha, 1997
- Zeidler, Eberhard H.: Arquitectura plurifuncional en el contexto urbano. Gustavo Gilli GG. Espanha, 1985
- Canter, David: Psychology for Architects. Applied Science Publishers. E.U.A., 1974
- Gutman, Robert: People and Buildings. Basic Books. Inglaterra, 1972
- Lang, Jon: Designing for Human Behavior. Dowden, Hutchingon & Ross. E.U.A., 1974
Periódicos:
- ARC Design Arquitetura, 2000 Revista Bianual de Arquitetura e Urbanismo
- Projeto Design Outubro 2000 nº 248
- El Croquis 1998 nº 93