Goteiras? Infiltrações? Quando estes problemas acontecem em uma obra, o resultado você já sabe: prejuízo no bolso e muita dor de cabeça. Por isso, a melhor coisa para se evitar estes danos é procurar entender bem cada processo e escolher criteriosamente os produtos que envolvem coberturas de alta qualidade. Partindo deste raciocínio, os fabricantes evitam desgastes com visitas técnicas que não estavam previstas, o que pode aumentar consideravelmente o orçamento original, além de, muitas vezes, comprometer a estética e harmonia da obra, causando desconfortos desnecessários com os clientes e até mesmo grandes prejuízos na imagem e no caixa da empresa.
Vale lembrar que, em algumas regiões brasileiras, muitas empresas toleram conviver com goteiras e infiltrações. “Depois de um tempo de obra, elas surgem mesmo.” “É inevitável.” Quem já não ouviu frases como estas ou parecidas? Pois bem, quem acredita nisso, precisa mudar de opinião, até para que seu negócio não vá por água abaixo. Mas o que fazer para evitar transtornos e reveses nas obras de cobertura? Para não generalizar, focaremos na principal cobertura utilizada no país – as coberturas executadas com telhas metálicas trapezoidais, onduladas e termo-isolantes convencionais, que representam 88% do universo de telhas metálicas utilizadas no Brasil. Para se ter ideia da representatividade deste segmento, só em 2014 foram comercializadas quase 310 mil toneladas. Um número expressivo que não para de crescer a cada ano.
Mas vamos analisar uma das principais causas para o surgimento das goteiras: a escolha e a utilização dos acessórios impróprios ou de má qualidade. Como a maioria sabe, estas telhas são chapas de aço perfiladas, montadas sobre terças de apoio, fixadas na estrutura através de elementos de fixação mecânica: o parafuso autoperfurante, também conhecido como autobrocante. Trata-se do principal acessório na cobertura metálica, mas muitas vezes por desconhecimento, os fabricantes de estruturas metálicas e montadores acabam optando por produtos não apropriados ou acessórios, que são instalados de maneira incorreta.
É fundamental ressaltar a importância do parafuso autoperfurante durante a obra de uma cobertura. A sua qualidade e sua aplicação correta são decisivas para evitar riscos de goteiras e prejuízos em uma construção. Afinal, além de suas funções primordiais, que é a de furar e fixar as telhas, o autoperfurante tem como objetivos: vedar o ponto de fixação, garantir estanqueidade do sistema e resistir às adversidades do tempo. Assim podemos afirmar que a correta especificação dos fixadores certos, aliada a uma equipe de montadores capacitados, mais o correto manuseio das ferramentas, elimina, significativamente, os riscos de infiltrações.
Dentro desta realidade, analisando-se os parafusos autoperfurantes e as possíveis causas de infiltrações, podemos identificar 4 cenários:
1. Uso de produtos de baixa qualidade que não atendem as necessidades da obra;
2. Fixadores com desenho inadequado ou inapropriado para a função;
3. Má aplicação, sobretudo com a utilização incorreta da parafusadeira;
4. Distância e quantidades insuficientes de fixadores.
Mas você deve estar se perguntando como saber que o produto é de baixa qualidade quando o assunto é estanqueidade do sistema? Indo direto ao ponto: o problema está no desempenho da arruela de vedação. Então fique de olho, porque o mercado oferece parafusos com arruelas com diferentes tipos de materiais. São eles, EPDM, Neoprene e plásticos diversos. O material indicado e a ser adotado deve ter memória suficiente para acompanhar a dilatação da cobertura. Mas qual é a diferença? O nível de pureza da borracha da arruela, que mostra justamente o quanto de carga inerte foi utilizada na fabricação para diminuir custos. A dica é escolher sempre arruelas para fixação de telhas em borracha de EPDM. Elas atingem a qualidade mínima necessária para suportar intempéries e as movimentações da cobertura, sem ressecar ou partir, desde de que tenham 97% de pureza.
Mas, as dicas para se ter uma cobertura de qualidade não param por aí, temos que estar atentos a geometria dos fixadores, sobretudo da região da cabeça do fixador. O design adequado é também um dos fatores preponderantes para uma cobertura estanque.
É senso comum que nas montagens de telhados os parafusos devam ficar perpendiculares as telhas a fim de garantir o assentamento correto da arruela de vedação. Contudo tal prática não é tão simples, pois é comum verificar variações de inclinação na instalação dos fixadores, o que é inerente a uma boa utilização da ferramenta, devido a falta de treinamento. Neste ponto o design da cabeça do parafuso é de grande importância. Existem 3 designs comumente aplicados nos autoperfurantes utilizados no mercado:
• DUH (Deep Undercut Head) – Flange com rebaixo profundo.
• LUH (Low Undercut Head) – Flange com rebaixo raso.
• HWH (Hex Washer Head) – Cabeça com arruela acoplada.
Na ilustração abaixo é fácil identificar que a cabeça com design DUH é a mais adequada para utilização em coberturas com telhas metálicas, uma vez que com este desenho a flange é projetada para acomodar a arruela de vedação de EPDM, inclusive em situações extremas, absorvendo até 10° de inclinação sem risco de vazamento.
Veja abaixo como acontece a infiltração da água quando utilizado o fixador com o design inapropriado.
Mas se a qualidade do autoperfurante é um fator decisivo para uma cobertura estanque, não podemos esquecer que a capacitação da equipe que executa o trabalho faz também muita diferença. Ou seja, não adianta ter os melhores parafusos e arruelas e instalá-los de forma errada. Se acontecer isso, tudo pode ir por água abaixo.
Infelizmente, ainda é muito comum verificar-se durante uma montagem, parafusadeiras sem o regulador de profundidade, apesar de ser este um dispositivo simples que já acompanha a ferramenta. Trata-se de um acessório que muitas vezes é descartado, gerando excessivo aperto da arruela, podendo-se chegar até o rompimento desta por vezes. Ou ainda então, a falta deste acessório pode levar até ao espanamento da fixação. Ambas as situações resultam em pontos de infiltrações e goteiras na cobertura.
A regulagem deste dispositivo é simples e leva poucos minutos, acarretando como consequência a tranquilidade de ter um telhado bem montado e sem novas causas para goteiras:
O aperto excessivo é, sem dúvida, outro grande vilão das coberturas metálicas. Além de a arruela de vedação ficar comprometida, muitas vezes as telhas também são amassadas no ponto de fixação, ocasionando o afundamento da telha pelos fixadores e assim propiciando o acumulo de água e detritos, além de comprometer a estética.
A combinação de água acumulada com a vedação comprometida e oxidação da telha aumenta muito a probabilidade de infiltração e o aparecimento de goteiras. Este fato ocorre principalmente quando as telhas singelas são fixadas aplicando o fixador na mini onda (no caso de telhas trapezoidais). Já nas telhas sanduíche acontece, em sua maioria, devido à baixa densidade dos recheios termo isolantes. Mais uma vez o problema pode ser evitado com o uso e regulagem do limitador de profundidade.
E para fecharmos nosso passo a passo de dicas para uma cobertura estanque, fique atento a quantidade correta de fixadores necessários para realizar a fixação das telhas tanto nas terças quanto na amarração entre telhas (costura). Para cada telha/terça são recomendados 4 fixadores por m², mas este número pode variar de acordo com a distância das terças, com o tipo de telha e recomendação do fabricante. Já a quantidade ideal de parafusos de costura para todos os tipos de telha, em coberturas e fechamentos, é a mesma. Recomenda-se uma fixação longitudinal para costura (fixação telha-telha) de, no máximo, 500 mm.
Neste momento da obra não faça concessões e nem “economias” que possam comprometer a qualidade final do telhado. Por isso, não aceite reduzir custos, utilizando uma quantidade e espaçamentos incorretos. O resultado é o aparecimento de frestas longitudinais entre as telhas. Veja a imagem abaixo, onde é possível visualizar pela incidência de luz solar este problema. Neste exemplo, a luz passa, o que acarretará, com certeza, a infiltração na cobertura, comprometendo a estanqueidade e aumentando consideravelmente o risco de arrancamento das telhas em tempestades com fortes ventos.
Bom, acreditamos que agora você está muito mais informado de como obter uma cobertura de alta qualidade, à prova de goteiras e infiltrações. E lembre-se: os acessórios de cobertura, dentre eles os parafusos autoperfurantes, são produtos de pouco impacto no custo geral da obra, mas de grande responsabilidade no sucesso da obra.
Por isso, não arrisque. Escolha os parafusos e equipamentos adequados, e sempre capacite a equipe de montadores.
Colaboração: Grupo Hard
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