O Estado de São Paulo
O andamento do projeto do túnel para ligar Santos e Guarujá, em São Paulo, já começa a ser marcado por uma disputa entre os governos federal e estadual pela autoria do empreendimento. Tanto a gestão paulista de Tarcísio de Freitas (Republicanos) quanto o governo Lula, na figura do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), dizem que farão a obra. E, até o momento, os planos não estão coordenados.
Conforme antecipou o jornal O Estado de São Paulo, o ex-ministro de Jair Bolsonaro qualificou o projeto do túnel na primeira reunião do Programa de Parcerias de Investimento (PPI) de SP. Segundo o governo estadual, há um projeto executivo pronto e licença prévia para implantação da obra. Ao Estadão, a pasta de Portos e Aeroportos afirmou que analisa a possibilidade de o projeto ser executado com recursos da União e do Porto de Santos
O plano é construir o túnel em formato de PPP (parceria público-privada), ou seja, com injeção de recursos públicos combinado a uma concessão à iniciativa privada. O Estado já abriu conversas com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para estruturar o projeto e, inclusive, pediu apoio do governo Lula para ajudar a custear o aporte público que será feito na obra, cobrada há décadas pela população da região.
O Ministério comandado por Márcio França, que já governou São Paulo e tem ligação muito próxima da baixada santista, apontou, contudo, que tem outros planos para o empreendimento.
Ao jornal, a pasta de Portos e Aeroportos afirmou que, num primeiro momento, analisa a possibilidade de o projeto ser executado com recursos da União e do Porto de Santos, sem necessidade de uma PPP ou de um financiamento cruzado com o governo estadual. “Portanto, uma obra pública com recursos do governo federal”, respondeu o Ministério.
A discussão da paternidade do túnel seco parte de uma disputa maior entre os governos Lula e Tarcísio, relativa à privatização do Porto de Santos. Quando era ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio previu que a ligação seca seria construída por quem arrematasse em leilão a administração do porto. Márcio França, contudo, insiste que o governo federal não vai dar continuidade ao certame de Santos, o que fez o governador de São Paulo seguir com seu ‘plano B’ para tirar o túnel do papel.
Atualmente, uma das alternativas para a travessia entre Santos e Guarujá é pela balsa. Durante esse deslocamento, a atividade do porto precisa ser interrompida. Outra opção é o caminho ser percorrido por estrada, em um trecho de 43 quilômetros de extensão.
Segundo o Sindicato dos Engenheiros do Estado de SP, há planos para a construção de uma ligação seca entre as duas cidades ao menos desde 1927, quando se cogitava a escavação de um túnel para a passagem de um bonde elétrico. Em 1948, a proposta era fazer uma ponte levadiça no local. Já em 1970, a alternativa discutida previa uma ponte com acesso helicoidal, que permitia a passagem de navios.
Fonte: Estado de São Paulo
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