Projetos de uma fábrica, de uma escola e de um prédio de escritórios tiveram seus custos reduzidos ao seguir padrões da certificação LEED
Três edificações erguidas no Paraná mostram que construções sustentáveis já podem custar menos do que obras que seguem padrões convencionais. A fábrica da Spaipa, em Maringá – credenciada para produzir bebidas da multinacional Coca-Cola, o Colégio Internacional Positivo, em Curitiba, e o edifício de escritórios Iguaçu 2820, também na capital paranaense, obtiveram a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) sem onerar seus orçamentos. “O curioso é que essas obras decidiram partir para a certificação LEED depois de o projeto estar pronto e de o construtor já ter sido contratado. Isso revela que o green building é uma tecnologia que está chegando para mudar parâmetros, e que é possível fazer mais, melhor, e com menos”, destaca o consultor em edificações sustentáveis, Guido Petinelli.
Nova fábrica da Spaipa, em Maringá: construída pela Emisa, do Grupo Plaenge, empreendimento virou modelo para futuras instalações da Coca-Cola.
No caso da fábrica de refrigerantes, quando se propôs construir dentro dos padrões LEED, a motivação principal do cliente era um ganho com marketing. Porém, a entrada em operação da unidade, em agosto de 2012, revelou que as conquistas reais tornaram-se muito mais relevantes. “A indústria hoje funciona com 23% de economia de energia e 75% de economia de água. Está entre os prédios com certificação LEED que mais poupa energia no mundo. É a fábrica mais econômica do Paraná e reduziu a conta de luz do cliente em um milhão de reais por ano. A energia preservada equivale a abastecer 2.700 residências anualmente”, afirma Guido Petinelli, que relatou os cases dos quais participou.
No Colégio Positivo Internacional, priorizou-se ventilação e iluminação naturais, além da implantação de um sistema inovador de aquecimento do edifício. Tubulações de água abaixo do piso permitem o aquecimento das salas em dias de frio. A água é coletada da chuva, armazenada em reservatórios e aquecida a gás. Através de canos de cobre instalados por dentro das estruturas, a água quente percorre o prédio e o aquece em dias frios. “O projeto do colégio permite que a redução do consumo de energia elétrica seja de 56% e o de água de 87%. Nesta obra também houve a conscientização dos fornecedores de adequar seus preços a uma nova realidade. Aliás, as certificações também vieram para cumprir esse papel: colocar a cadeia dentro de uma realidade, puxando as tecnologias para o preço real”, comenta Petinelli.
Escola Internacional Positivo: água captada da chuva percorre tubulações de cobre, recebe aquecimento e climatiza prédio no inverno.
Padrão sustentável
O consultor lembra que o segredo das construções sustentáveis- projetadas de acordo com o que pedem as certificações – é que elas criam uma linguagem única para arquitetos, engenheiros, construtores e fornecedores de material. “Isso é que gera economia”, avalia, citando que nos Estados Unidos o mercado já estabeleceu como padrão que o edifício sustentável deve abranger todas as obras. “É uma tendência mundial e que chegará aqui no Brasil também”, prevê, apostando que uma obra puxa outra. “Se uma empresa faz uma fábrica prata, a concorrente vai querer uma com selo ouro e a outra vai querer fazer uma com selo platina”, finaliza Guido Petinelli. Atualmente, o Brasil tem 149 edifícios com o selo LEED e cerca de 800 empreendimentos buscando a certificação.
Prédio Iguaçu 2820, em Curitiba: construído pela Laguna, atendeu todos os requisitos da certificação LEED.
Por: Altair Santos