Foi inaugurado em São Paulo pelo Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) o SIRIUS, a mais complexa infraestrutura científica do Brasil. A obra com 68 mil m², com um custo de R$ 1,2 bilhão, abriga a nova fonte de luz síncrotron e aceleradores de elétrons de quarta geração, é a maior e mais complexa infraestrutura de pesquisa já construída no País, cujo bom funcionamento depende da estabilidade mecânica e térmica do edifício. A obra é um anel de concreto moldado in loco de 230 m de diâmetro com estrutura metálica para as coberturas, o prédio estará entre as obras civis mais sofisticadas já construídas no País. Em construção desde 2014, O Sirius será o segundo acelerador de partículas brasileiro. Com 68 mil metros quadrados de área construída, o prédio principal terá quatro pavimentos com capacidade para até 620 pessoas, entre funcionários e visitantes. O formato predominantemente circular do edifício do Sirius é resultado da geometria do acelerador principal (anel de armazenamento), onde os elétrons são armazenados e a luz síncrotron é produzida. Ele abrigará os três aceleradores de elétrons e as possíveis 40 linhas de luz, seis das quais são consideradas longas, com comprimentos variando de 100 a 150 metros. A edificação e sua implantação são pensadas de maneira que seja possível, ainda, construir duas futuras linhas com estações experimentais a até 250 metros de distância.
Entrega da primeira etapa
No dia 14 de novembro de 2018 foi celebrada a entrega da primeira etapa do projeto Sirius, sob a presença do então presidente Michel Temer e ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação, Gilberto Kassab. Nesta primeira etapa houve a entrega do prédio e de dois dos três aceleradores. A segunda etapa prevista no projeto incluirá a finalização da construção do terceiro acelerador e início das atividades do Sirius por pesquisadores e está prevista para o segundo semestre de 2019. Todas as sete estações de pesquisa estão previstas para o ano de 2021.
Características
O SIRIUS será usado para entender a estrutura atômica das substâncias com as quais os cientistas vão trabalhar, o que pode ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos, no aprimoramento de materiais usados na construção civil, na exploração de petróleo e em várias outras áreas. O prédio de 68.000 metros quadrados abrigará um equipamento com formato de anel e circunferência de 500 metros. Para proteger as pessoas da radiação liberada pelo funcionamento da máquina, planejada para ser a mais avançada desse tipo em todo o mundo, o conjunto será blindado por 1 quilômetro de paredes de concreto. Uma barreira com 1,5 metro de espessura e 3 metros de altura. O investimento no projeto é de 1,8 bilhão de reais, o projeto científico mais ambicioso já feito no Brasil.
Aspectos Construtivos
A estrutura da edificação foi executada em concreto armado fundido in loco e todos os seus pisos, incluindo o térreo, foram também construídos em lajes de concreto armado. Para evitar recalques e deformações, o piso dos aceleradores é apoiado em 1.300 estacas com 40 cm de diâmetro e 11 m de comprimento. O piso dos aceleradores é de concreto armado com 90 cm de espessura. O piso destinado às linhas de luz tem espessura de 60 cm e estará ligado aos aceleradores por meio de barras de transferência. Assim, a estrutura apresenta grande rigidez, reduzindo a propagação de vibrações provenientes da ação dos ventos, da circulação de pessoas e do funcionamento dos equipamentos e das instalações. Tanto a fundação quanto o piso do hall experimental e da blindagem dos aceleradores são separados dos pisos do restante das edificações a fim de evitar recalques, deformações e propagação de vibrações, sejam elas geradas internamente ou provenientes dos ambientes externos. A necessidade de controle térmico exigiu que o projeto de cobertura com duas camadas de telhas metálicas zipadas e uma camada de 200 mm de lã de rocha entre elas além de um sistema de refrigeração de alta performance. Isso confere grande estanqueidade térmica e economia de energia, garantindo o controle de temperatura de alta estabilidade exigido pelo ambiente. O formato circular do Sirius é constituído por duas edificações circulares concêntricas formando acelerador principal onde os elétrons são armazenados e a luz sincrotron é produzida. Este tipo de radiação eletromagnética permite a observação da estrutura interna dos materiais.
Início dos trabalhos
Em 2013, uma extensão do terreno adjacente ao CNPEM foi desapropriada pelo Governo do Estado de São Paulo para construção do Sirius. No mesmo ano, teve início a terraplanagem do terreno, concluída em 2014. Em 19 de dezembro de 2014 deu-se a assinatura do contrato com a construtora e o lançamento da pedra fundamental da obra. Em janeiro de 2015 deu-se, efetivamente, início às obras das edificações para a nova fonte de luz. Durante o ano foram realizadas a primeira e parte da segunda fase do cronograma planejado que incluíram: a implantação do canteiro de obras e infraestrutura provisória; a execução da fundação da edificação principal, área de engenharia, compressores, geradores e de parte das linhas longas; a execução parcial da superestrutura da edificação principal e a construção de parte da estrutura metálica da cobertura da edificação principal. Ao final de 2015, quase 20% das obras civis estavam completas.
ABRIL 2018
JUNHO 2018
FICHA TÉCNICA
Projeto de Arquitetura: Paulo Bruna Arquiteto e Associados Coordenação de projeto: Engineering (Hill International) Construtora: Racional Engenharia Engenheiro responsável: Julio Rodrigues Projeto estrutural: Engeti Consultoria e Engenharia Projeto de fundações: IGR Consultoria de Solos Projeto de Instalações: MHA Engenharia Projeto de pisos: Monobeton Soluções Tecnológicas Coordenação da obra: Engenheiro Oscar Vigna -CNPEM Instalações: Temon Ar-condicionado: Heating & Cooling Concreto: Concrebase (estrutura) – Concrelongo (concreto especial) Automação: Johnson Controls