A cobertura é uma das partes mais importantes de uma edificação, pois será a responsável por proteger as pessoas e o patrimônio das intempéries.
Porém, apesar deste papel fundamental que exerce, ainda assim percebe-se que há um pouco de desconhecimento de importantes fatores para a correta especificação da solução de cobertura metálica mais apropriada de acordo com as especificidades de cada caso.
Observa-se também que muitas vezes, o processo decisório envolve unicamente o fator preço como variável única de ponderação na escolha da solução mais vantajosa.
O preço é importante?Sem sombra de dúvidas que sim. Não se questiona isso. Contudo, a reflexão que convidamos que seja feita é: será que esta é a única variável? Será que outros fatores não estão sendo inconscientemente negligenciados no processo? Vamos pensar a respeito!
Expressões idiomáticas como “o barato pode sair caro” e “relação custo x benefício” são amplamente conhecidas. No entanto, transportando-as para o universo de projeto de coberturas metálicas para edificações, digamos que por mais elementares que elas possam inicialmente se parecer, paira uma singela dúvida no ar: como fazer para aferir essa situação na prática?
Pois bem, para este fim, primeiramente é importante esclarecer que quando a pessoa avalia o preço (ou valor monetário) do produto “A” em comparação ao produto “B”, ela está avaliando tão somente o que se chama de Custo Direto (CD). Ou seja, essa grandeza simboliza quanto a pessoa efetivamente desembolsou pela mercadoria. Apenas isso.
Porém, o Custo Total (CT) para aquisição de determinado bem não se resume unicamente ao seu Custo Direto. Ele envolve também o que se chama de Custos Indiretos (CI), os quais são sempre indesejáveis, inesperados, onerosos e inicialmente invisíveis.
Para esclarecer melhor, no caso específico de soluções metálicas para cobertura de edificações eles podem envolver, por exemplo, as seguintes situações:
a) Interrupções inesperadas e não programadas em uma linha de produção em virtude de infiltrações de águas pluviais (a popular goteira);
b) Interrupções para troca prematura de telhas com baixa durabilidade desgastadas pelo processo de oxidação em função do ambiente atmosférico;
c) Manutenções corretivas não programadas;
d) Expor equipamentos e maquinários de elevado valor a riscos desnecessários;
e) Perda de produtividade;
f) Impacto em prazos de entrega em virtude de tais interrupções inesperadas na linha de produção, entre inúmeras outras situações.
Sendo assim, diante de um cenário destes, o que fazer então? A recomendação consiste em atuar de forma preventiva logo na fase de especificação optando-se por uma solução técnica e economicamente viável que irá contribuir para minimizar e/ou eliminar os Custos Indiretos mencionados. Tem-se assim o último elemento que é chamado de Custo Preventivo (CP). Desta forma, a equação do Custo Total assume a seguinte configuração:
CT = CD + CI + CP
Esta equação é de autoria do Profº Drº Engº Stephan Wolynec (Titular do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica – USP) e seus estudos evidenciam que quando se pondera corretamente todos estes fatores, obtém-se ao final uma economia de 15% a 30% no Custo Total.
Portanto, reflita bem sobre estes fatores e procure ponderá-los em seu projeto, pois nem sempre o mais barato (ou seja, o Custo Direto) é o que lhe trará o menor Custo Total.
Sugestões de leituras:
Para quem desejar se aprofundar um pouco mais nos temas discutidos neste artigo sugere-se as seguintes bibliografias complementares:
Abdo, Nazir A.; Lisboa, Jairo; Atti, Vanderlei N. (Coord.). (2001). Guia técnico do alumínio: Estruturas. ABAL, São Paulo
Coates, David T. (1993). Roofs and roofing: design and specification handbook. Whittles Publishing. UK
Hatch, John. (1984).Aluminium: properties and physical metallurgy. American Society for Metals.
Wilquin, H. (2001). Aluminium architecture: construction and details. Birkhäuser Publishers for Architecture. Germany
Autor:
Engº Luiz Valério de Paula Trindade
Fonte:
Belmetal