Quando se fala em resistência mecânica do alumínio, percebe-se que o imaginário popular, quase que instantaneamente, associa o metal com características como “frágil”, “maleável”, “leve”, entre outros. Embora, até certo ponto, algumas destas características possam ser associadas ao metal alumínio, na verdade, elas não contam toda a história e a análise não é (e nem deveria ser) tão simplista assim.
Para quem não está totalmente familiarizado com o metal, é importante esclarecer que grande parte dos produtos manufaturados com este metal não o fazem com o que se chama tecnicamente de alumínio puro (ou seja, metal cuja composição química contenha pelo menos 99% de alumínio e 1% restante de outros elementos). O que ocorre é que os produtos são feitos a partir do que chama tecnicamente de “ligas de alumínio”, seguindo parâmetros normalizados pela ASTM, ABNT, DIN, entre outros órgãos normalizadores internacionalmente reconhecidos.
Em linhas gerais, o conceito de ligas de alumínio consiste em incorporar determinados elementos químicos (tais como, por exemplo, magnésio, manganês, cobre, silício, etc.) para conferir certas propriedades e/ou potencializar outras como, ductibilidade, dureza, elasticidade, resistência à corrosão, usinabilidade, entre inúmeras outras.
Estas ligas de alumínio são classificadas pela ASTM e pela ABNT de acordo com oito grupos conforme demonstrado na Tabela 01.
No caso específico das telhas de alumínio disponíveis no mercado brasileiro, elas são produzidas em ligas de alumínio do grupo 3000 e do grupo 5000.
Sendo assim, quando se trata de analisar a resistência mecânica de materiais metálicos utilizados na cobertura de edificações, observa-se que ela deve estar fundamentada em dois pilares muito sólidos, os quais são: 1) o material sendo utilizado; 2) o contexto de sua aplicação.
Isso significa dizer que efetuar análises comparativas entre diferentes metais, porém, destituídos do seu contexto de aplicação seria incompleta e sujeita a falhas (sejam elas por subdimensionamento ou superdimensionamento).
Em se tratando então de soluções em alumínio para cobertura de edificações, já foi discutido que a matéria prima é dotada de composição química específica que lhe garante um conjunto de propriedades e atributos compatíveis para esta finalidade. Com relação à aplicação, por ocasião da especificação o profissional precisa avaliar as características específicas de seu projeto, tais como: a) a distância máxima entre terças; b) nível de inclinação da cobertura; c) índice pluviométrico do local onde a obra será executada, em conformidade com a norma ABNT-NBR 10844; d) carga distribuída em função do vento calculada de acordo com a norma ABNT-NBR 6123.
Uma vez que estes fatores sejam ponderados, o profissional será capaz de identificar o modelo de telha de alumínio mais recomendado para suportar as condições de seu projeto. É capaz inclusive que, em muitos casos, o(a) profissional irá se surpreender positivamente com o resultado ao identificar que uma espessura menor do que ele(a) inicialmente imaginava será plenamente capaz de atender, com total segurança, os requisitos de seu projeto.
Portanto, constata-se assim que a resistência mecânica das telhas de alumínio é, na maioria das vezes, bem superior ao que o imaginário popular geralmente lhes atribui. Além disso, conforme exposto, ao invés de efetuar análises comparativas incompletas e simplistas (tais como, por exemplo, atribuir parâmetros errôneos de equivalência de espessuras entre metais), não se pode jamais perder de vista a importância de contextualizar a análise.
Somente assim, com a adoção da técnica analítica dos dois pilares é que se chegará ao resultado que lhe oferecerá de fato a melhor relação custo x benefício.
Sugestões de leituras:
Para quem desejar se aprofundar um pouco mais nos temas discutidos neste artigo sugere-se as seguintes bibliografias complementares:
Abdo, Nazir A.; Lisboa, Jairo; Atti, Vanderlei N. (Coord.). (2001). Guia técnico do alumínio: Estruturas. ABAL, São Paulo
Coates, David T. (1993). Roofs and roofing: design and specification handbook. Whittles Publishing. UK
Hatch, John. (1984).Aluminium: properties and physical metallurgy. American Society for Metals.
Autor: Luiz Valério de Paula Trindade é Mestre em Administração de Empresas, graduado em Engenharia Mecânica, com experiência superior a 15 anos no mercado de coberturas de edificações e Coordenador do Grupo de Trabalho de Telhas na ABAL – Associação Brasileira do Alumínio.