O general Charles de Gaule, presidente da república francesa, em maio de 1 968, ano em que ficou célebre a frase “quando Paris fala, o mundo ouve”, já dizia que “quando a indústria da construção civil vai bem, toda economia do país vai bem. Portanto, de nada adianta greve de estudantes. Afinal de contas, essa juventude não participa do processo produtivo”. Esse metro utilizado pelo general Charles de Gaule tem muito maior e mais profunda validade quando a realidade da indústria da construção civil é focalizada nos quadros de uma economia como a brasileira de maneira especial e principalmente a economia ribeirãopretana, de modo particular.

É exatamente por isso que nós, diante do quadro recessivo da economia brasileira, que atingiu e atinge ainda a economia de Ribeirão Preto de modo singular, que vamos verificar o comportamento desse setor da indústria de Ribeirão Preto, pela importância que ele tem tanto no âmbito econômico quanto na esfera social. No âmbito econômico em virtude da importância que a indústria da construção civil tem para a geração de renda e de riqueza. No âmbito social, na geração de empregos formais e até muitos informais.

O elenco de números que forma o quadro abaixo mostra o comportamento da indústria da construção civil em Ribeirão Preto no período de janeiro a setembro de 9 exercícios econômicos consecutivos, de 2 012 a 2 019. A ótica através da qual nós analisamos o comportamento desse setor, é o da área licenciada, expressa em metros quadrados, resultado da soma de todas as plantas de construção aprovada pela secretaria de planejamento e gestão pública da prefeitura municipal de Ribeirão Preto.

Através destes números, verificamos que o pico, o ponto mais alto, desse poderoso setor da economia de Ribeirão Preto foi em 2 013, quando foram licenciados 1.768.558 m². Este resultado, quando cotejado com a realidade do corrente ano de 2 019, quando foram licenciadas áreas que, somadas, chegaram a 1.132.647 m², mostra uma redução de 35,95%. Se 2 013 foi o pico atingido pelo setor em Ribeirão Preto, o exercício em que essa indústria atingiu o fundo do poço foi em 2 016, quando área licenciada chegou, no período de janeiro a setembro, a 813.608 m². Portanto, uma redução de 53,99%.

Mas para atingirmos a percepção de que o processo recessivo já passou, o que não é o caso, verdadeiramente, vamos ver a realidade de 2 019. Se prestarmos atenção nos números, vamos verificar que estamos diante do segundo menor número e da segunda menor quantidade de metros quadrados de área licenciada. É que 1.132.647 só é maior do que o ocorrido em 2 016 quando, de janeiro a setembro, foram licenciados os mencionados 813.608 metros quadrados. Futuramente, pretendemos chegar a detalhes. Mas aí, então, teremos relacionados outros quadros para identificar o que está escondido e o que precisa vir à tona. A crise está mais presente na construção verticalizada ou horizontalizada? E o número de plantas aprovadas: tem crescido, sido mantida ou tem diminuído? É o que veremos dentro de alguns dias.
Vicente Golfeto, colunista do ACidade ON