Gigantesco Mashrabiyas adornam as janelas e trazem alívio contra o sol implacável em Abu Dhabi.

A nova sede do Conselho de Investimento de Abu Dhabi possuem seus escritórios nas chamadas Torres Al Bahar, duas imensas torres com 25 andares erguidos a 145 metros de altura e capacidade para acomodar mais de mil funcionários.

As construções gêmeas localizadas em Abu Dhabi onde nunca chove, a não ser areia, e cuja temperatura chega a 370 C é a prova de que com dinheiro e engenhosidade os seres humanos são capazes de transformar as condições mais inóspitas à sobrevivência e de vencer praticamente todas as adversidades.

Entretanto a realização de tal proeza, não é nem de longe uma tarefa simples. Uma vez que toda a conjuntura geográfica e ambiental do entorno em Abu Dhabi, tais como clima tórrido, solo arenoso, calor e luz excessivos, afetam severamente a construção de edifícios altos principalmente porque a areia dificulta o alicerce de edificações mais altas.

Superando todas as expectativas o Aedas Architect, escritório de arquitetura, (escolhido após uma feroz competição internacional) desenvolveu em colaboração com a Arup Engineers um projeto baseado em um antigo costume árabe o‘’mashrabiya”.

O Mashrabiya ou Shanasheel, é um tipo de janela de sacada que é fechada com treliças de madeira entalhada e algumas vezes revestidas com vitrais. A mashrabiya, shanasheel ou ainda a rushan como é chamado está presente na arquitetura árabe tradicionalmente desde a Idade Média.

A tela de madeira dá sombra e proteção contra o sol quente escaldante, os Mashrabiyas são tidos como ornamentos da classe rica, pois custa muito tempo e financiamento para produzi-los.
O conceito do design do Aedas Architect caiu com uma luva por ser cultural e ambientalmente adequado aos padrões do Plano de Desenvolvimento para 2030 estabelecido em Abu Dhabi, pois:
– Compreende uma estrutura de desenvolvimento global baseada nos princípios da responsabilidade cultural e ambiental.
– Tem entre suas prioridades o desenvolvimento de normas que aperfeiçoem gestão ambiental.
– Promove em longo prazo a ‘’Estidama Masdar’’ uma iniciativa que busca a produção de energia renovável.
– Responder satisfatoriamente às rigorosidades do clima da região desértica, pois reduz em até 50% a incidência dos raios solares, amenizando o calor do ambiente.
– É obra arquitetônica ancorada na tradição,

 

Trata-se de utilizar uma técnica antiga de uma maneira moderna, que também responde à aspiração do emirado de assumir um papel de liderança no campo da sustentabilidade”, diz Peter Oborn arquiteto do Aedas.

O Mashrabiya da Aedas ganhou um design refinado e tecnologia ultramoderna que adaptou um sistema medieval do Oriente Médio, criando uma nova versão primorosamente engendrada e melhorada.
A equipe de arquitetos e engenheiros utilizou o BIM (Building Information Modeling) dessa vez para desenvolver um design paramétrico acoplado à geometria dos painéis móveis na fachada.
A utilização do BIM está presente em todas as construções inovadoras em Abu Dhabi por ser um método tecnológico moderno e altamente desenvolvido que facilita a utilização de modelagem paramétrica e operações algorítmicas.
Os “Mashrabiya” Al Bahar são feitas de uma série de componentes de cúpula transparente que se abrem e fecham em resposta aos reflexos do sol (fachadas responsivas).
Cada uma das duas torres compreende mais de 1.000 protetores solares individuais e são controlados pelo sistema de gestão do edifício

Gigantesco Mashrabiyas adornam as janelas e trazem alívio contra o sol implacável em Abu Dhabi

     

Concluídas em junho de 2012, as torres ficam em uma intersecção entre as ruas Al Saada e a rua Al Salam. As gêmeas Al Bahar, com seus 25 andares, localizam-se na porção oriental da cidade de Abu Dhabi.
Nessa joia escaldante, onde o mercúrio pode chegar a 120 graus centígrados no verão o calor sufocante ou as tempestades de areia foram empecilhos para o desenvolvimento do projeto como mais alto padrão de eficiência criando como efeito o sombreamento.
Os padrões geométricos que compõem este ecrã gigante incluem mais de 1.000 peças móveis que se contraem e expandem-se durante o dia, dependendo da posição do sol, essa técnica é semelhante à empregada ao Instituto Árabe de Jean Nouvel em Paris. 

As Telas de Al Bahar

As telas que são empregadas para produzir sombreamento dinâmico e sensível podem ser comparadas a um escudo que filtra a luz e reduz o brilho.
O sistema é alimentado por energia renovável a partir de painéis fotovoltaicos. A treliça gigantesca que envolve as duas torres quase completamente funciona como uma cortina e está a dois metros da fachada dos edifícios em um quadro separado.

Os triângulos semelhantes a vitrais são revestidos com fibra de vidro. Ao anoitecer a cortina gigante se fecha.
“À noite, todas as telas dobram, permitindo uma visão maior da fachada”. “À medida que o sol se levanta de manhã no leste, o mashrabiya ao longo dessa extremidade oriental do edifício começa a se fechar. Enquanto o sol se move em torno do edifício, toda a faixa vertical do mashrabiya se moverá com o sol”, diz Eter Oborn, vice-presidente de Aedas, e um dos arquitetos do projeto.

 

 

As Torres de Al Bahar

Os “edifícios casulo” com são carinhosamente chamados baseiam-se em uma forma geométrica, refinada e pré-racionalizada através de ferramentas de design paramétrico para alcançar uma ótima relação de superfície entre as paredes e o chão.
A forma das torres foi esculpida em torno do núcleo, mais estreita na base e mais amplo em torno dos andares intermediários e superiores, a forma das torres é totalmente otimizada para complementar o sistema de sombreamento.

O projeto possui dois cilindros simples em um plano circular é estruturado a partir de combinações de geométricas circulares para reduzir a exposição solar e gerar uma orientação natural, além disso, são mais eficientes em termos de “área, parede e chão”, criando maior volume com a menor superfície.
As torres incluem nove elevadores capazes de percorrer cinco metros por segundo.

 

Os espaços

 

Jardins

Ao longo da fachada sul existe jardins internos a céu aberto que além da sombra ajudam a aliviar os efeitos da ação solar. Essas áreas também servem como área de serviço para usuários que usam esses espaços para reuniões ou para descansar.

 Pódio

O pódio abriga uma vasta gama de edificações que incluem salas de oração, restaurantes e um auditório, permitindo o acesso diferenciado para diferentes categorias de usuários, incluindo os membros do público, funcionários, VIPs e personalidades que têm um acesso discreto do jardim no deck superior.
Existem dois níveis de estacionamento subterrâneo para 80 carros e uma área de “mezzanine” integrado no pódio como um ponto de encontro para o pessoal.
A uma altura de 120 metros, no último piso aberto ao público há uma plataforma de observação

Proteção programada

 

O ‘’mashrabyia’’ composto por estruturas triangulares que podem ser comparados a “guarda-chuvas”, que abrem automaticamente quando há direta incidência de raios solares e fecham de acordo com o movimento do sol.
A tela de sombreamento é controlada por computadores e funcionam como cortinas que responde ao movimento do sol assim, a partir do momento em que o sol incide sobre determinada área é para lá que as cortinas se estendem protegendo o ambiente, esse sistema dinâmico e inteligente dispensa ar condicionado e resulta em uma redução de emissões de CO2 de 1.750 toneladas por ano.
Na verdade cada uma das 1000 peças móveis compreende uma série de painéis esticados de PTFE (politetrafluoroetileno) que são acionados por um ativador linear que abre e fecha progressivamente uma vez ao dia possuindo uma sequência pré-programada para evitar a luz solar direta.
Todo o sistema é protegido por uma variedade de sensores que são ativados no momento em que se alteram as condições climáticas ou quando surgem ventos fortes.
Outra característica da tela é capacidade de filtrar a luz o que permite aos arquitetos serem mais seletivos na escolha do vidro. ”Isso nos permite usar o vidro mais naturalmente tingido, o que permite que mais luz para dentro e menos necessidade de luz artificial”.

 

 

 

As células fotovoltaicas

Células fotovoltaicas transformam a luz solar em energia

Os telhados virados a sul de cada torre incorporam células fotovoltaicas, gerando cerca de cinco por cento da energia total necessária de energia renovável utilizada para aquecimento de água.
As torres forma um dos primeiros edifícios no Golfo a recebeu uma classificação LEED Prata.

     

 

 

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Torres Al Bahar
Escritório de Arquitetura: Aedas e Arup Engineers
Local: Abu Dhabi, Emirados Árabes.
Conclusão da obra 2012.
Materiais empregados: Aço, vidro.
Medidas da obra: 145 metros de altura
Área total: 56.000 m²

Redação : Equipe Portal Metálica – Lia Gonzaga 2016

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Torres Al Bahar
Escritório de Arquitetura: Aedas e Arup Engineers
Local: Abu Dhabi, Emirados Árabes.
Conclusão da obra 2012.
Materiais empregados: Aço, vidro.
Medidas da obra: 145 metros de altura
Área total: 56.000 m²

Redação : Equipe Portal Metálica – Lia Gonzaga 2016